16.6.09

"Liberdade"

Percorrendo recentemente o interior dos Jerónimos deparo-me a dada altura com um cartaz anunciando para breve uma conferência intitulada, “Homenagem à liberdade”, o que me chamou imediatamente a atenção. Ao lê-lo deparo-me com alguns nomes conhecidos, dos quais apenas retive dois, o ilustre “filho” de Maritain e oráculo do regime (como muito bem lhe chama Brandão Ferreira), Marcelo Rebelo de Sousa e o do bispo do Porto, D. Manuel Clemente. Decididamente a Igreja portuguesa continua a alinhar pelo diapasão do regime servindo-lhe de caução moral. Ainda há pouco a C.E.P. nos tinha presenteado com uma carta apelando ao voto e à participação dos católicos nos actos eleitorais que se avizinham, como se a natureza intrínseca do regime não tivesse qualquer importância, e, como tal, daí pudessem resultar mudanças significativas e quiçá a instauração de uma sociedade cristã. No fundo aquele documento é uma declaração de fé no próprio regime. Ver a Igreja portuguesa apadrinhar concepções absolutas de “liberdade” características da revolução francesa, isto é, destituídas de toda e qualquer noção de submissão a uma autoridade legítima, e por isso, assente numa Verdade de origem transcendente, é bem o resultado da imensa confusão que reina na cabeça daqueles génios. Além disso é demonstrar uma total incapacidade de compreender que o totalitarismo provém em grande medida da tendência natural do homem para se furtar a toda e qualquer autoridade, pensando assim passar a ser mais livre, mas acabando na realidade por ficar escravo daquele que é potencialmente o seu pior tirano, isto é, ele próprio. É este o drama do homem moderno.

2 comentários:

  1. Olá, me chamo Gabriel, sou brasileiro e tenho 17 anos de idade, quero lhe informar que li tudo quanto havia no seu blogue, e gostei muito, meus parabéns, ainda existem homens como você no mundo, o que me dá ânimo pra seguir em frente, nessa vida que na maioria das vezes parece ingrata.

    comecei a escrever um blogue faz aproximadamente um mês, quem sabe possamos conversar, dessa forma, aproveitar a melhor parte da globalização.

    sucesso.

    Gabriel P. Thiesen

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