Vida e destino
“A vida extingue-se onde existe o empenho de apagar as diferenças e as particularidades por meio da violência”, Vassili Grossman
Lendo o suplemento literário do ABC do passado fim-de-semana deparo com um artigo interessante sobre aquele que é um dos grandes romances do séc. XX, “Vida e destino” de Vassili Grossman, um judeu soviético nascido em 1905 em Berdichev, na Ucrânia. A primeira vez que ouvi falar deste escritor foi ao ler “Le passé d’une illusion” de François Furet no qual este o insere na galeria daqueles que esboçaram uma tentativa de compreender o fenómeno totalitário antes de isto ser feitos por académicos como Arendt ou Voegelin, entre outros. O romance inspira-se em parte na “Guerra e Paz” de Tolstoi e, tal como este, tem como pano de fundo um acontecimento bélico, neste caso a batalha de Estalingrado durante o inverno de 1942-43 que Grossman acompanhou de perto visto nela ter sido correspondente do Exército Vermelho, tal como o foi em Berlim até ao final do conflito em 1945. Este mesmo facto permitiu-lhe visitar Treblinka pouco tempo depois da sua libertação. O romance foi salvo do esquecimento graças a Sakharov que microfilmou um exemplar dactilografado que tinha escapado a uma rusga do KGB e o trouxe para o Ocidente.
O que há de extraordinário neste romance, que confesso que ainda não li, é o facto de ousar quebrar aquilo que ainda hoje é um tabu, isto é, estabelecer um paralelismo entre os dois totalitarismos e perceber como precisam um do outro visto para se expandirem visto serem o simétrico um doutro tal como uma imagem ao espelho. Daí nada haver de surpreendente no pacto germano-soviético assinado em Agosto de 1939 entre Ribbentrop e Molotov. Grossman apercebe-se do horror do drama do povo russo que generosamente combateu o invasor alemão com um indizível sofrimento não se apercebendo de que ao faze-lo estava, na realidade, a reforçar o seu próprio carrasco, Estaline, e a fornecer-lhe “credenciais antifascistas”e, por conseguinte, democráticas. Isto dentro do raciocínio/cilada criado pelo génio do mal Munzenberg. Para trás ficavam as hediondas purgas dos anos trinta, o genocídio pela fome dos Koulaks.
O que torna ainda hoje o anticomunismo um tabu e o totalitarismo comunista visto, não como intrinsecamente mau, mas como bom apesar dos “desvios” que todos estes regimes inevitavelmente tiveram, é o facto de a tão venerada democracia assentar nos mesmos princípios liberais (todos eles “empestados” de imanência), que levam à atomização dos indivíduos, e que se inscrevem no “sentido da história” ao contrário do que acontece com o fascismo. Não é por acaso que Lenine dizia que a “ditaduras revolucionárias serão mil vezes mais democráticas do que a democracia das repúblicas parlamentares”. Furet diz no seu livro falando do totalitarismo que “o seu berço é a democracia moderna, ou antes uma forma degradada de democracia (será que haverá uma perfeita, pergunto eu? Nota do tradutor.) na qual a sociedade mais não é do que um agregado de indivíduos isolados uns dos outros e privados de laços cívicos”. Um dos denominadores comuns a estes dois regimes a demanda dessa sinistra “cenoura” da igualdade. Grossman é, pois, importante para ajudar a compreender este triste início de séc. XXI que está todo ele impregnado pela ideologia igualitarista. Não sei se o livro está publicado cá em Portugal, mas confesso que gostaria de o ler logo que possível.
O que há de extraordinário neste romance, que confesso que ainda não li, é o facto de ousar quebrar aquilo que ainda hoje é um tabu, isto é, estabelecer um paralelismo entre os dois totalitarismos e perceber como precisam um do outro visto para se expandirem visto serem o simétrico um doutro tal como uma imagem ao espelho. Daí nada haver de surpreendente no pacto germano-soviético assinado em Agosto de 1939 entre Ribbentrop e Molotov. Grossman apercebe-se do horror do drama do povo russo que generosamente combateu o invasor alemão com um indizível sofrimento não se apercebendo de que ao faze-lo estava, na realidade, a reforçar o seu próprio carrasco, Estaline, e a fornecer-lhe “credenciais antifascistas”e, por conseguinte, democráticas. Isto dentro do raciocínio/cilada criado pelo génio do mal Munzenberg. Para trás ficavam as hediondas purgas dos anos trinta, o genocídio pela fome dos Koulaks.
O que torna ainda hoje o anticomunismo um tabu e o totalitarismo comunista visto, não como intrinsecamente mau, mas como bom apesar dos “desvios” que todos estes regimes inevitavelmente tiveram, é o facto de a tão venerada democracia assentar nos mesmos princípios liberais (todos eles “empestados” de imanência), que levam à atomização dos indivíduos, e que se inscrevem no “sentido da história” ao contrário do que acontece com o fascismo. Não é por acaso que Lenine dizia que a “ditaduras revolucionárias serão mil vezes mais democráticas do que a democracia das repúblicas parlamentares”. Furet diz no seu livro falando do totalitarismo que “o seu berço é a democracia moderna, ou antes uma forma degradada de democracia (será que haverá uma perfeita, pergunto eu? Nota do tradutor.) na qual a sociedade mais não é do que um agregado de indivíduos isolados uns dos outros e privados de laços cívicos”. Um dos denominadores comuns a estes dois regimes a demanda dessa sinistra “cenoura” da igualdade. Grossman é, pois, importante para ajudar a compreender este triste início de séc. XXI que está todo ele impregnado pela ideologia igualitarista. Não sei se o livro está publicado cá em Portugal, mas confesso que gostaria de o ler logo que possível.
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