8.2.07

O veneno de Rousseau

O Corcunda no seu post sobre a punição da mulher mostrava-nos como pelo facto de se transformar as mulheres na Mulher (uma autêntica “asubstanciação”) se lhe retira uma vivência, um passado, um presente e, por isso, um futuro. Numa só palavra desumanizamo-la. Paradoxalmente, ou talvez não, acaba-se por lhe fazer o mesmo que ao ser humano que esta tem no seu seio, no caso de estar grávida naturalmente, para o poder exterminar sem problemas de consciência mas com a diferença de que, neste caso, o objectivo é desculpabiliza-la indefinidamente e transferir a culpa para a “terrível” sociedade, aqui representada por, a Igreja, o marido, o patrão que a explora etc... No fundo está-se a transformar a Mulher no “Bom Selvagem” do sinistro Rousseau, grande inspirador da hecatombe de 1789, para através dela se promover o ataque às instituições e através delas à tão necessária autoridade do Estado. São por demais conhecidos os efeitos nefastos que as ideias desse senhor têm acarretado para o Ocidente. Esta teoria do “Bom selvagem” leva por sua vez ao relativismo moral porque ao estruturar as sociedades em função do indivíduo, em vez do grupo (a família, os vários corpos intermédios) é a noção de moral de cada um que passa a ser válida, isto é, passamos a ter uma pluralidade de noções, logo nenhuma. Isto por sua vez leva ao questionar da autoridade e ao desconfiar dela vendo-a como algo de maléfico. Daí a necessidade de a enfraquecer dividindo-a. Pensemos, por exemplo, na forma como está montado o nosso sistema político, em que não há uma efectiva separação de poderes e em que os existentes se entrechocam donde resulta uma autoridade nula, para compreendermos a influência dessas ideias. Quando nos libertaremos deste tumor que são as trágicas ideias deste senhor? Só quando se tornar consensualmente aceite que autoridade não é sinónimo de autoritarismo e que esta é essencial para que se possamos coexistir em sociedade e para que todos tenham o seu “espaço vital” sem se atropelarem mutuamente. Receio bem que o preço a pagar para chegarmos a este consenso será a eminência, que não estará muito longe, do total colapso pela anarquia das nossas sociedades ocidentais sobretudo as europeias .

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