Educar Portugal (II)
É certo que há quem ainda queira os meninos a levar reguada. Faz parte de uma visão particular do ensino em Portugal da qual não me descarto nos objectivos que apregoa, mas afasto-me nos métodos que utiliza.
O problema é complicado e exige alguma discussão.
Bem sei que hoje não há disciplina na Escola, mas isso não implica que disciplinemos à força do castigo. A régua na mão, a ponteirada na cabeça e as orelhas de burro não ensinam o respeito, antes geram a obediência pelo medo da consequência. Enquanto não se educar o ser humano a cumprir a regra pela regra, e não pela pena que o seu incumprimento acarreta, nunca entenderá nem assimilará o valor que esta contém. Se, por exemplo, pedirmos ao aluno para que se mantenha calado, deveremos dar-lhe como razão o castigo que se seguirá ou o próprio valor do cumprimento do respeito para com o professor que está a leccionar e não deve ser interrompido, antes ouvido? Se optarmos pelo castigo, não partiremos do pressuposto de que, não havendo quem o aplique, o acto se torna legítimo?
Podem dizer-me: mas se a criança não acatar a regra sistematicamente, não será aceitável castiga-la.
Claro que sim. Mas não lhes parece também que a reguada não resolve o caso, remediando-o?
Bem me lembro da minha professora primária de pau na mão. Nunca o usou comigo, mas muitos houve que passaram quatro anos a levar. Hoje, recordo-a com respeito… eles não. Lembram-na como alguém que nunca soube ensina-los a respeita-la, utilizando a extensão da sua mão como recurso.
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