30.9.06

Esquerda e Terrorismo

A leitura do editorial da Atlântico de Outubro fez-me lembrar as palavras de Ribeiro e Castro quando associou, como causa-efeito, a Esquerda e o terrorismo.

Lê-se:

"Recordar a investida totalitária no fim do século passado em Portugal e no Mundo não é só um exercício de memória histórica ou um trabalho de interesse meramente intelectual. Numa altura em que os tentáculos de uma ameaça de igual modo totalitária, o radicalismo islâmico, vão crescendo e sufocando o mundo ocidental (…)"

A verdade é que as FARC andaram por ai…

Qvis vt Devs? (II)

Quero congratular-me com a investidura dos meus caros amigos Francisco Canelas de Melo e David Garcia como cavaleiros da Real Ordem de S. Miguel da Ala.
Congratulo-me de igual forma com as investiduras de Comendador de Telmo Correia e Pedro Mota Soares.

Desabafo

Se há coisa que me irrita solenemente é que alguém que não sabe gerir a sua própria casa opine sobre o governo de uma Nação!

29.9.06

Qvis vt Devs?

Rogo, com fervor, pelos novos Cavaleiros da Ordo Equitum Sancte Michaelis sive de Ala (Real Irmandade da Real Ordem de S. Miguel da Ala) a serem hoje investidos por SAR o Senhor D. Duarte de Bragança.

28.9.06

Portugal no se respeta!



Nova Monarquia

É com contentamento, acompanhado de profunda tristeza, que tenho vindo a conhecer o que em tempos adoptou o nome de Nova Monarquia.

Contentamento pelo que foi, disse e, sobretudo, fez! Mais do que lançar farpas e discorrer sem fim sobre como agir, arregaçou mangas, chamou juventude, dinamizou formas de campanha, inventou outras tantas e cresceu sem precedentes. Sinteticamente, fez frente ao imobilismo da militância monárquica, transportando-a para um plano verdadeiramente interventivo.

Não me revejo na totalidade das linhas mestras da NM, mas uma coisa é certa: fez o que tinha de ser feito.

A profunda tristeza é causada pelo estado actual de coisas. Vendo bem, a situação de estagnação a que a NM ripostou é uma realidade presente. Que dizer daquela Causa Monárquica que, em tempos, tão bem apelidaram de “causa sem efeito”? Quais as consequências dos seus congressos, jantares e reuniões que não seja o encontro dos amigos de sempre para fumar a charutada e beber os whiskys? Salvo raras excepções, são todos uns acomodados do “movimento”.

Quero lançar o desafio, se para isso tiver alguma legitimidade, para que o caríssimo e ilustre fundador da NM, Miguel Castelo-Branco, complete este depoimento em boa hora iniciado. Seria uma mais valia para o conhecimento da historia de tão saudoso movimento.

Fédon | comentário ao prólogo e ao primeiro capítulo (II)

A parte segunda deste comentário não será publicada. Está francamente má. Por mais voltas que lhe dê não a componho satisfatoriamente para ser apresentada. Pelo facto, peço desculpa.

Hoje nas bancas



Burka

Se um misantropo gostar do feminino islâmico, será certamente pelo carácter progressista desta imagem!

27.9.06

Já nada sai direito...

O debate parlamentar de hoje só não se tornou totalmente enfadonho porque José Sócrates aprendeu e adoptou, in eternum, um estilo de expressão oratória que se consolidou e dá gosto apreciar. Sempre o mesmo gesto, a mesma posição, igual franzir de olhos e, não sei se já repararam, “mãos à Pedro Abrunhosa”! Só faltava mesmo cantar um “não posso mais viver assim”, que era bom sinal… ou não.

Pormenores técnicos à parte, as ideias em si fizeram lembrar este texto d’ O Corcunda. É que dê por onde der, tem de haver estado social, mesmo que as pensões sejam em sistema misto de público e privado. E depois como o Dr. Marques Mendes é o pior presidente que o PSD tem em 30 anos, as coisas tornam-se complicadas para as bancadas da direita e facilitam-se para o extremismo socialista do lado oposto.

A verdade é que não existe direita parlamentar em Portugal. Vale "admirar" José Sócrates e esperar que um dia cante…

26.9.06

Da China ao Gueto

Vai uma pessoa ao Pavilhão Chinês, um dos melhores bares de Lisboa (para mim o melhor), desfrutar daquele ambiente requintado mas descontraído, museológico mas divertido, coisas de local histórico, bem frequentado e único no mundo, para depois voltar ao burgo sadino e acabar no forno da pastelaria Vitória?!

Não, isto não é vida!

Poderia reconfortar-me o ânimo saber que por terras de Setúbal existe um La Bohéme, bar igualmente típico, não tanto à moda antiga em certos aspectos, mas acolhedor e amante de boas conversas noite dentro. Só desfaleço nesse reconforto quanto ganho noção de que mais não passa de uma rasca imitação do seu congénere da Capital, ainda para mais com não menos rasca clientela, numa cidade que também ela se enrascou no tempo, parou, estagnou… morreu.

Conversava ontem, junto às mesas de jogo do Pavilhão, que as margens do Rio Tejo separam dois mundos completamente diferentes. Basta ir ao Almada Fórum, como fiz antes de entrar em Lisboa, para notar essa realidade. E não se trata tanto de estrato social, mas do modus vivendi da cultura de gueto que se gerou a partir de Almada. Quem passa a Ponte Salazar em direcção a Sul entra em realidade distinta da vivida a Norte. São terras pequenas, habitadas por gente pequena, com níveis culturais e sociais pequenos, tendencialmente de esquerda comunista. Não lêem jornais que não sejam os paroquiais, não ouvem musica que não seja a “comercial” e não conversam para além do mexerico de bairro. Para descontrair vão fazer o “avio” do mês ao Pingo Doce mais próximo ou dar umas voltas com os dreads da zona pelos mil e um fóruns comerciais que existem, dos quais só Setúbal, a capital de distrito, não mereceu um. Enfim, um mundinho que se criou entre o Tejo e o Sado no qual não me revejo de todo mas tenho de ir aguentando enquanto não posso fugir.

Pior pesadelo da noite transacta foi o final. Feita a purificação de todos os males que por aqui se apanham, numa libertação de Glendfidich na mão e um bom amigo por companhia, acabámos a comprar bolos no forno nocturno da Vitória, a ouvir o “charroco” arranhado das gargantas de alguma juventude setubalense que ainda não conhece o Pavilhão Chinês. Muito provavelmente nunca o conhecerão, a não ser numa qualquer revista social que comprem na papelaria do prédio e que leiam a ver uma também qualquer novela brasileira. E mesmo assim duvido!

Dá vontade de dizer: estou no gueto, mas não sou do gueto.

25.9.06

Ainda o discurso do Papa

Condenável?! Condenável foi João Paulo II ter beijado o Alcorão numa qualquer visita que fez. Só tenho pena de não me recordar onde foi, nem onde guardei a foto…


Beijar um livro, seja ele qual for, que nega a divindade de Cristo, isso sim é condenável!

Da “teoria dos contrários”, 1ª prova da imortalidade da alma


2 e 3 não são contrários, mas têm na sua essência Ideias contrárias. No plano metafísico, o par é par e o impar é impar, não se admitindo mutuamente.
2 e 3, enquanto conjunto de dois ou conjunto de três, são apenas diferentes. Contudo, enquanto reflectores das Ideias de paridade e imparidade, respectivamente, contrariam-se pela incompatibilidade destes.
O mesmo para frio e quente, luz e escuridão, maior e menor, vida e morte…

Tomemos o exemplo: frio e quente.
Partamos pois do pressuposto de que são incompatíveis, já que nada pode ser simultaneamente frio e quente no mesmo tempo e no mesmo espaço. Assim sendo, os dois são contrários, mas que se dependem para ser. Como numa comparação, sabemos que algo é frio relativamente a algo que é quente. E se não tivéssemos a noção de quente, jamais teríamos a de frio.
O caso aclara-se na comparação entre maior e menor. Depreende-se facilmente que nada é maior ou menor que não seja relativamente a algo, por sua vez, menor ou maior, respectivamente.

Sócrates desenvolve, partindo desta conclusão, toda a teoria dos contrários como prova da imortalidade da alma. A vida gera a morte e a morte gera a vida, numa sucessão de gerações.

Fédon | comentário ao prólogo e ao primeiro capítulo (I)

Este texto é parte primeira de um comentário ao prólogo e ao primeiro capítulo do Fédon de Platão. Escrito em 2000, contém muitas imprecisões, pelo que peço a compreensão dos estimados leitores. Trata-se de puro revivalismo da minha adolescência.

Na obra Fédon, Platão introduz o tema da “Imortalidade da Alma” reflectindo primeiro sobre o que é ou deve ser o verdadeiro filósofo, apresentando dois pontos essenciais: “o que é morrer?” e o “suicídio”.

Fédon, nome de um discípulo de Sócrates que intitula esta obra, começa em casa de Equécrates onde ele mesmo se dispõe a contar o sucedido a Sócrates no cárcere, pouco tempo antes de ser executado. Assim, inicia o seu relato, expondo a razão que levou Sócrates a esperar algum tempo pela morte. Ele conta que o seu mestre foi condenado um dia após uma nau ter partido para Delos a fim de agradecer uma antiga vitória mítica de Teseu, filho do governador de Atenas, sobre o Minotauro. Deste modo, só poderia ser executado quando a nau voltasse a Atenas, o que tendia a levar duas semanas (“Logo que começa a romagem, é lei entre os atenienses que, durante este tempo, não se manche a cidade, nem seja executado nenhum criminoso pelo estado, até que a nau chegue a Delos e regresse ao ponto de partida”).

Ora, durante este tempo de espera pela morte, Sócrates fala com os seus discípulos sobre os temas já acima referidos. Mas não só. Dedica-se também à literatura, pondo em verso fábulas de Esopo e escrevendo um hino a Apólo, causa de cerca de mais duas semanas de vida. E são estes seus trabalhos que possibilitam a introdução ao tema que por sua vez inicia todo o resto da obra: “Como o filósofo encara a morte?”. Isto sucede quando no prólogo, Cebes, discípulo de Sócrates, dá a conhecer ao seu mestre que muitos se admiravam com a sua súbita e estranha dedicação à escrita, inclusive Eveno, poeta e sofista de Paros. Sócrates mandou que lhe respondesse que não tinha sido para rivalizar com ele que escrevera mas por causa de certos sonhos que tivera e que se era realmente sábio que o seguisse (“...me siga o mais breve possível”). Neste ponto, e à primeira vista, Sócrates dá a entender que Eveno deveria morrer , mesmo que para isso tivesse que recorrer ao suicídio. No entanto, ele não encara a morte como um fim*, mas como “Katharsis” ou, em português, catarse, purificação. Pela boca do seu mestre Sócrates, Platão começa então por apresentar o suicídio como uma impiedade para com aquele que põe fim à própria vida. Assim, quem se suicidar estará a procurar beneficiar-se. Aliás, não estaria a beneficiar-se mas a iludir-se neste aspecto, porque a morte é um lento processo de libertação e consequente purificação que culminando com a morte corporal não significa que o suicídio antecipe o ultimo estagio da catarse.

Por isso, Platão recorre ao contexto orfico-pitagórico, em que se encontra, para reforçar esta sua teoria do suicídio. Este contexto religioso baseia-se no orfismo e no pitagorismo que têm pontos comuns como a crença na imortalidade da alma e na Metempsicose, Metensomatose ou Transmigração (reencarnação das almas) que se apoiam no principio de que o corpo (SOMA) é a prisão (SEMA) da alma (PSIQUÉ) e que o conhecimento e/ou busca da sabedoria é a “Katharsis” da “Psiqué” que culmina com a morte (separação da alma e do corpo). Deste modo, defende que somos pertença dos deuses e que eles velam por nós; são eles que decidem quando partimos para junto deles (para o Hades) e não nós que não nos pertencemos. É assim que Platão se desvia do uso da razão, pela boca de Sócrates, que também naquele dia de cárcere, último da sua vida, recorria muito às crenças religiosas. Mas Cebes nota essa sua lacuna, especialmente por algumas das suas expressões e ainda, em primeiro lugar, pelo que ele pensa ser um paradoxo quando Sócrates diz que o filosofo, o verdadeiro filosofo, deve desejar a morte para alcançar a sabedoria e que só devemos partir deste mundo (só devemos querer partir) quando os deuses assim o entenderem. As referidas expressões são uma constante da influência religiosa, como: “nutro a esperança”; “não o posso garantir”; “doce esperança de que existe”; ... É portanto, com este cenário, que Platão inicia o tema: “Como o verdadeiro filosofo deve encarar a morte”.

Para compreendermos na perfeição a teoria platónica, teremos primeiro que fazer um pequeno resumo explicativo acerca dos seuu conteúdos. Para Platão existem dois mundos completamente distintos mas em que um é dependente do outro. Se não, vejamos: um dos mundos é o Inteligível ou das Ideias perfeitas (“eide”) onde as Ideias estão no seu estado puro, por si e em si, na sua essência. São elas, por exemplo, a Ideia de Justiça e Beleza, a par de uma outra que a todas preside, a Ideia de Bem. O outro mundo é o Sensível, ou Material, onde se encontra a matéria, nós: é o nosso mundo. Mas este não é totalmente independente do primeiro.

*contrariamente aos atomistas

Dualismo e Imortalidade




Circulo pelas prateleiras e passados os textos de Nietzsche chego à oposta secção socrática. É com alguma saudade que encontro as páginas anotadas a lápis do Fédon de Platão.

Releio considerações feitas em idos da adolescência, pequenas notas pessoais, ligações com outras obras, conclusões que enformaram muita da minha ainda pouca maturidade intelectual…

Talvez recolha algo de minimamente interessante para publicar.

Ainda sobre...

O DISCURSO DE BENTO XVI

O discurso do Papa Bento XVI inscreve-se num tempo de carência de valores éticos e morais. O sentido colectivo da vida deixou de contar. O individualismo, o hedonismo tomaram conta de nós. Este discurso de enorme densidade filosófica e teológica foi vítima de erros de interpretação. O Papa não fala do Islamismo, mas da Fé e da Razão. Diz que a Fé não pode, à força, impor-se à Razão, devendo ser esta a imperar. A Razão está no diálogo entre religiões e na liberdade de expressão, valores defendidos pelo Papa. O texto que citou da Idade Média serviu para explicar que o Islão não pode ser imposto à força.

Embora o Papa deva ter toda a prudência quando fala em público neste mundo perigoso, porque também pode errar (esbateu-se, felizmente, o dogma da infalibilidade do Papa, estabelecido em 1870 no Concílio Vaticano l), aqui não errou e, por isso, não tem de pedir desculpas por um acto que não cometeu. O Ocidente vive com medo. Não podemos deixar que o medo vença e que os senhores do “Islão da Violência” nos silenciem e amordacem uma cultura de paz e de tolerância religiosa.

Rui Rangel, Juiz

24.9.06

O Grande

Qualquer comparação entre estes dois homens é completamente inaceitável, mesmo na causa da morte.

Diz o CM, acerca da especulação sobre a morte de Bin Laden:

PS: entre muitas conjecturas estapafúrdias que circulam sobre o paradeiro do senhor da Jihad, sobressai uma especialmente rebuscada: Bin Laden cortou a barba, veste fato e gravata, penteia o cabelo com um qualquer poderoso gel e passeia-se pelas ruas de New York.

O Obsceno e a Sublime Liberdade

Aconselha-se a leitura a todos os muçulmanos:

Economia Real

"a economia que interessa é a que produz coisas"
SAR D. Duarte na Just Leader (ler mais)

Entendo a oportunidade da afirmação. Só temo que D. Duate acredite mesmo no que disse...

estado do tempo: "Está a chover, mas somos fortes"

23.9.06

O Estado do Tempo

Depois de uma breve pausa na blogosfera, reconheço que foi ronha da minha parte ter encerrado o É A HORA!. Convenci-me, ou convenceram-me, de que não teria mais tempo e não publicaria adequadamente. Enfim, o É A HORA! configurava-se como um espaço pseudo-anónimo de reflexão política, social, religiosa, e tantas vezes se tornou numa casa de “desabafo” demasiadamente personalizado, afastando-se do seu objectivo inicial.

Foi com alguma vergonha que fechei as portas daquela casa! Especialmente depois de ter recebido tamanha atenção por parte desta diva bombástica, deste pasquim reaccionário, deste misantropo enjaulado e de tantos outros que me honraram com comentários e menções. Foi igualmente com vergonha que me fizeram sentir após os apelos para voltar às teclas.

Pois bem! Cá estou novamente, com outro registo, este sim definitivo.

Mil perdões por não vos ter acreditado. Por mais que me fuja o tempo, não poderei deixar que isso viole a vontade e a necessidade da escrita blogosférica e da vossa companhia.

O "Estado do Tempo" será um blog pessoal, com a participação pontual de um ou outro amigo a quem agradeço o incentivo para retomar a escrita.