31.5.07

Bonald

Recebi finalmente um livro que há muito tentava encomendar pela Amazon mas que estava permanentemente esgotado: “La vraie révolution” de Louis de Bonald. Só contactando directamente a editora, uma editora católica chamada Clóvis o (1º Rei francês a receber o baptismo), me foi possível encomenda-lo. Comecei há poucos dia a sua leitura e estou impressionado com o rigor do pensamento, com a integridade de carácter, com a total ausência de tolerância para com os “tolerantes” e com a profundidade das suas convicções que nunca vacilaram tudo isto só possível porque assentes numa Fé bem fundamentada e esclarecida. Todos estes factos lhe trouxeram incompreensão, dissabores e decepções ao ver amigos a cederem ao “espírito do tempo” e que não compreendiam que ele não fizesse o mesmo. Não hesitando mesmo em mostrar a sua descrença na efémera “monarquia” restaurada em 1816 pelos ingleses depois da derrota de Napoleão e que era uma copia do modelo britânico, tal como a nossa “monarquia” liberal que não se mostrava suficientemente intransigente para com as ideias revolucionárias e que convinha combater a todo o custo e sem tréguas.
Espero, para breve, poder trazer aqui alguns excertos do livro que mais me tenham marcado e algumas considerações a propósito dos mesmos. Tudo isto “se a tanto me ajudar o engenho e a arte”!

Mais coisas d’”O Diabo”

Na edição desta semana do semanário “O Diabo” continua a publicação dos já referidos artigos escritos pelo Prof. Soares Martinez. Além disso há um artigo doutro colaborador, esporádico infelizmente, Godinho Granada, um grande monárquico daqueles que, como diria O Réprobo, defendem “a Monarquia que fez Portugal e não aquela que o começou a destruir”. O artigo deste último intitula-se “O Povo soberano”, e nele se mostra como ao colocar o povo como “soberano” este fica refém da classe política enquanto que se lhe faz crer que é livre. Algo que o liberalismo do sec. XIX nos trouxe e do qual nuca mais nos vimos livres, com a excepção notável do período da República Corporativa, vulgo Estado Novo. O humor incisivo aliado ao saber do autor tornam a leitura do artigo agradável e algo hilariante. Para terminar cito apenas um parágrafo que nos dá uma boa imagem do estilo da escrita do mesmo:
“No final de tudo, o povo soberano tarda em perceber o embuste: prometeram-lhe a idílica democracia e deram-lhe pura demagogia”. Pobre “nobre povo”!

26.5.07

Uma ideia lógica

Ao atravessar a Espanha em direcção ao sul de França adquiri, como habitualmente quando aqui me desloco, o diário espanhol ABC cujos editoriais e artigos de opinião, de um modo geral, muito me agradam. O título do editorial de hoje é “A promoção do pior” e nele se mostra como a desastrada política desse aparentemente inepto (na realidade sinistro) Zapatero está procurar desmembrar a construção política resultante da Constituição referendada em 6 de Dezembro de 1978 ao estimular a secessão das diferentes autonomias e, mais recentemente, ao permitir que muitos dos cargos administrativos caiam em mãos de “incompetentes e indesejáveis” para citar o editorial. Isto tem levado, segundo o referido editorial, a um progressivo esbater das fronteiras e funções entre os diferentes órgãos do Estado. Se quisermos ir à génese deste fenómeno descobriremos facilmente que tal se deve à gangrena da ideologia que leva a que se considere mentira o que é verdade vice-versa ou, para citar um exemplo concreto, que se considerem os assassinos da ETA como vítimas e as vítimas como carrascos. O patético no meio de tudo isto é o total desconhecimento do verdadeiro sentido do termo “ideologia”, nomeadamente por parte daqueles que dela enfermam como é o caso dessa luminária chamada Zapatero, que definiu recentemente ideologia como sendo “uma ideia lógica”. Será a isto que se chama a “lógica da batata”? Perante um dislate de semelhante calibre que mais há a dizer? Chega de Zapatero!

21.5.07

Liberdade de expressão

Folheando há pouco o jornal “Público” do passado sábado, colocado à disposição dos leitores das termas do Luso, deparo-me com uma notícia preocupante e que espelha bem o crescente cercear da liberdade de expressão por parte do “polvo socrático”. Um professor liceal funcionário da Direcção Regional de Ensino do Norte foi alvo de um processo disciplinar e de suspensão por parte da sua chefe de serviço, uma “girl” socialista seguramente, em virtude de este ter ousado gracejar a propósito do atribulado processo de obtenção do diploma de “engenheiro” por parte do nosso “probo” 1º ministro. Segundo li a razão invocada para tal atitude prende-se com o facto de o referido funcionário ter atentado contra a dignidade do cargo de 1º ministro. Quando penso em todas as desonestidades que este “Chico esperto” cometeu pergunto: não será isto atentar contra a dignidade do cargo? Será que o exemplo já não deve vir de cima? Relendo um capitulo de Tocqueville em que ele fala da corrupção e dos vícios dos governantes em democracia comparativamente com os observados numa aristocracia diz-nos ele: “Aquilo que há a temer não é tanto a imoralidade na grandeza mas a imoralidade que leva à grandeza”. O 1º ministro é um perfeito exemplo deste último caso. Ao constatar que a referência a tal facto é susceptível de sanções por parte de “funcionários zelosos” sempre prontos a apresentar serviço para ficarem bem vistos perante os seus chefes, um pouco como os comissários das diferentes repúblicas soviéticas que procuravam ultrapassar a cota de execuções imposta por Staline para ficarem bem vistos perante ele, apercebo-me de que estamos cada vez mais à mercê de dezenas de autocratas que nos infernizam a vida apoiando-se numa legislação propositadamente dúbia e que lhes concede um poder discricionário. É a caminhada para um “totalitarismo disseminado” sem rosto, ou melhor, com milhares de rostos. Até quando?

Coisas d’“O Diabo”

Começo por pedir desculpa ao amigo “Corcunda” pelo plágio do título do post mas tendo em conta que também me vou referir a um artigo publicado pelo semanário “O Diabo” parece-me que é o mais apropriado.
O referido semanário tem estado a publicar uns artigos da autoria do Prof. Soares Martinez com o título genérico de “As Mentiras Capitais” e que pretendem, e conseguem, desfazer algumas das mentiras da História e nas quais a época moderna (a tal que assenta na execução de Luís XVI como diria o amigo Simão) se baseia e de que necessita para se legitimar. Os artigos são de uma clareza na exposição dos temas, de uma erudição e de um rigor de linguagem que merecem ser cuidadosamente lidos e guardados, e é essa a razão pela qual me pareceu importante destaca-los. A sequência dos artigos e respectivas datas é a seguinte:
- “As mentiras capitais e o descalabro actual” (24 de Abril)
- “As mentiras capitais, a Idade Média e o Feudalismo” (1 de Maio)
- “As mentiras capitais e a reforma religiosa (8 de Maio)
- “As mentiras capitais e a Inquisição (15 de Maio)
- “As mentiras capitais e os Jesuítas” (a publicar no próximo dia 22 de Maio)
Não sei se aos artigos referidos se seguirão outros mas creio, e espero, que sim visto que há períodos mais recentes da História (a Revolução Francesa por exemplo) aos quais estão associados muitas mentiras e mitos.
No meio do marasmo da imprensa escrita cada vez mais controlada pela ERC ainda haver artigos desta qualidade é algo de precioso e só possível devido à pequena tiragem deste jornal e à existência de grandes Mestres, como é o caso do Prof. Soares Martinez, que generosamente põem o seu saber ao serviço da Verdade. Bem-haja, Prof. Soares Martinez!

12.5.07

O abominável homem das pampas

Subindo anteontem a Av. Fontes Pereira de Melo deparei-me, ao passar no cruzamento com a R. Martens Ferrão, com um cartaz do ilustre membro da hagiografia do politicamente correcto, Che Guevara, no cinema Mundial. Nele estava escrito “Querido Che”. Para além das náuseas que a visão de semelhante personagem me causa interrogo-me: o que leva alguém a venerar um sinistro facínora fundador dos campos de “reeducação pelo trabalho” e cuja crueldade, arrogância, sadismo e desprezo pela vida humana, ficaram célebres na Cuba pós revolucionária? Será que esses imbecis que fizeram esse filme têm a noção de quem foi verdadeiramente Ernesto Guevara? Filho de “boas famílias” de Buenos Aires e tendo sido muito mimado pelos seus pais devido ao facto de sofrer de asma, rapidamente desenvolveu aquilo a que gosto de chamar o “espírito de Peter Pan”, isto é, o desejo de viver na “terra do nunca” onde o tempo não passa e somos sempre crianças o que mais não é do que uma fuga à responsabilidade. São estes os ingredientes para alguém se tornar socialista ou, mais genericamente, de esquerda. O Che declarava-se um grande admirador do Terror e dos massacres desencadeados pela Revolução francesa o que tentou imitar em Cuba com a ajuda do seu amigo Fidel. Há uma frase dele que vem citada no “Livro negro do comunismo” que me parece bem reveladora deste fascínio que ele tinha pelo “ódio eficaz que faz do homem uma eficaz, violenta, selectiva e fria máquina de matar”, ou ainda outra “não posso ser amigo de uma pessoa que não partilhe as minhas ideias”. Um belo exemplo da tolerância que o Simão refere no seu artigo da Alameda. Quanto tempo mais vamos ter de gramar com a figura repugnante desse paspalho de boina na cabeça e de olhar bovino que faz as delícias dos altermundialistas? Haja pachorra!

António Bastos

Alameda Digital

Por razões profissionais tenho estado ausente das lides blogosféricas o que me tem custado tendo em conta o gosto que tenho adquirido em escrever neste espaço que o meu amigo Simão me disponibilizou.

Como é sabido, e foi noticiado por outros blogs, saiu recentemente mais um número da excelente publicação “Alameda Digital” a qual passa a contar com a colaboração do meu companheiro de blog, Simão. E era este facto que eu pretendia destacar visto que me regozijo com a sua inteiramente merecida inclusão no lote de colaboradores da dita publicação. O artigo com o qual ele se estreou chamado “Tolerar a tolerância?” é de grande actualidade visto que a tolerância, no sentido que lhe está habitualmente associado, nada mais ser do que uma falácia que apenas serve para nos obrigar a abdicar de posições absolutas tornando-nos “dóceis”. No fundo é uma forma de terrorismo intelectual. Além disso o referido artigo analisa muito bem o problema das ideologias, que mais não são do que a recusa do real e da verdade, a sua génese e a forma como progridem, sempre em termos dicotómicos. Tudo isto com uma linha de raciocínio muito clara e uma prosa fluída. Gostei muito da já habitual profundidade de análise aliada a uma grande maturidade que são características do muito grande amigo Simão. A referência à execução de Luís XVI como acto fundador do mundo contemporâneo é sempre oportuna visto que ao prestar uma justíssima homenagem a alguém que nos deu um belo testemunho de Fé, de integridade, de sentido de serviço, de ausência de rancor apesar de todas as humilhações a que foi sujeito, está-se a fazer a apologia de valores hoje tão em desuso e de que este mundo tanto carece.

É bom saber que neste país, e não só, em que tudo está feito, a começar pelo ensino, para gerar mentecaptos ainda há jovens cultos, que sabem pensar, que são íntegros, que têm Fé e que não hesitam em testemunha-lo. Como é bom ter AMIGOS assim! Obrigado, Simão.


António Bastos