5.1.08

O dever da verdade

Terminei há alguns dias de ler um livro que resulta de uma entrevista do jornalista “de referência”, Ricardo Costa, ao conhecido especialista de assuntos fiscais, Medina Carreira. Não me situando naturalmente na mesma área política do entrevistado gosto sempre muito de o ouvir devido à sua frontalidade, lucidez e rigor. O livro põe o dedo na ferida da nossa situação actual não deixando margem para dúvida de que continuamos a caminhar inexoravelmente para o colapso, eu diria mesmo, para a implosão. Tudo é sinistro neste “paraíso abrilino”, o ensino, a justiça, o nível do desemprego, a monstruosa corrupção, o estado das finanças e, o que é mais grave, o “diluir” da alma lusitana. Estamos totalmente a saque enquanto que assistimos todos impavidamente ao desmantelar de Portugal sem que algo possamos fazer, para além de escrever em blogs, para contrariar este facto. Segundo o autor, que fundamenta as suas afirmações com base em dados que expõe no livro, Portugal, a sua alma gémea jacobina, a França, e a Itália são os países da Europa que mais se afundam, sendo o nosso caso o mais grave dos três. Este livro é uma bela “pedrada no charco” no optimismo “socratino” com o qual os media nos bombardeiam e de que o jornalista Ricardo Costa é um belíssimo arauto. Aliás uma coisa que me divertiu no livro foi precisamente o enorme contraste entre as duas posturas, entre as perguntas repletas de panegíricos ao governo feitas pelo Ricardo Costa, e as respostas do entrevistado que sistematicamente lhe refreavam o optimismo. Quando terminará o estertor do regime? Haverá alguém, ou algo, que nos possa acudir? Não creio infelizmente. Para seguir as "cenas dos próximos capitulos".

1 Comentários:

Blogger Nuno Castelo-Branco disse...

O mais engraçado é o Dr. Medina Carreira vir já há algum tempo, alertar quanto à proximidade do abismo. Não foi ele ministro do dr. Soares há uns vinte e tal anos? Não foram as políticas económicas gizadas na altura? Assinaram sobre os joelhos as condições - o famoso CONSTÁ DÁCOR (pronuncia à Soares, s.v.p.)- de adesão à CEE e agora dizem que adesão foi política... Pois.

21:55  

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