25.4.09

Beato Nuno de Santa Maria

É ainda sob o impacte da leitura do fabuloso post do Corcunda sobre o Santo que me sinto impelido a escrever algo sobre esse maravilhoso acontecimento que será para nós portugueses, fiéis ao Portugal que hoje nos tentam fazer esquecer, a justíssima, se bem que tardia, canonização do nosso compatriota D. Nuno Alvares Pereira. No Anti-Portugal (com a devida vénia ao autor da expressão) em que vivemos e no qual é possivel assassinar a pedido um inocente no ventre da sua mãe, que sentido tem hoje falar de um Homem para quem servir a Cristo era servir simultaneamente os dois Reinos, o Celeste e o de Portugal, algo hoje impossivel? Quando pensamos no exemplo enorme de abnegação, de humildade, de sentido do próximo ,de prática da caridade, de desprendimento pelas riquezas terrenas e vemos o que temos no Anti-Portugal no qual o poder, em vez de serviço, é motivo de luta e serve para obter vantagem para si e para os seus, escarrando na memória de Portugal e destruindo-lhe a alma, o que mais podemos esperar?
Termino com uma citação da "Mensagem" que é das mais belas palavras que se pode derigir ao Santo.
Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.
Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É a Excalibur a ungida,
Que o rei Artur te deu.
'Sperança consumada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver
Como precisamos hoje da luz da sua espada. Intercede por nós junto do Pai para que nos ajude a derrotar o Anti-Porugal. Obrigado pelo testemunho da tua Fé, Nuno.

3.4.09

Rerum Novarum


Terminei recentemente de ler na sua totalidade, visto que até agora apenas tinha lido excertos, a famosa “Rerum Novarum” de 1891 e que é habitualmente designada como a primeira das grandes encíclicas sociais. Neste caso e, como é sabido, esta pretendia ser uma resposta às ideias socialistas que simulavam querer responder ao problema da condição dos operários, submetidos que estavam na época a condições de trabalho que atentavam à sua dignidade de seres humanos, quando na realidade o objectivo era evidentemente o contrário. Partindo deste propósito Leão XIII escreveu um texto que abarca a generalidade da organização da sociedade que se quer cristã e que, por isso, deverá ter toda as suas instuições vinculadas à lei natural. Naturalmente que isto exclui à partida a possibilidade de as massas poderem alterar esse elemento agregador dessa mesma sociedade o que é obviamente excelente. Um documento que é uma obra-prima de bom senso e sabedoria e que por isso seria hoje considerado pelos meios “bem pensantes” como “fascista” e retrógrado. Uma dos aspectos que me levou a lê-la foi o facto de ter em parte inspirado Salazar, e aqueles que com ele trabalharam, na elaboração da Constituição da República Corporativa, a tal que para pesadelo dos democratas abrilinos, até foi referendada. De facto a defesa das corporações tem um grande peso nesta encíclica na qual não é feita a mínima alusão a partidos políticos. Mas oiçamos aquilo que Leão XIII diz logo no início da encíclica:

“O século passado destrui, sem as substituir por coisa alguma, as corporações antigas, que eram para eles (operários) uma protecção; os princípios e o sentimento religioso desapareceram das leis e das instituições públicas, e assim, pouco a pouco, os trabalhadores isolados e sem defesa, têm-se visto, com o decorrer do tempo, entregue à mercê de senhores desumanos e à cobiça de uma concorrência desenfreada.”

Quem, desprovido de “hipnose abrilina”, duvida ser hoje a exploração muito mais desenfreada, visto ser executada por “senhores desumanos”, do que antes do 25 de Abril? Ainda por cima estes mesmos senhores consideram-se de “amigos do povo”? Não sei porquê mas ocorro-me o nome de um jornal que Robespierre publicava ainda antes de 1789 e que se chamava precisamente, “L'ami du peuple”. Porque será que todo este edifício jurídico consubstanciado na Constituição de 1933 é hoje tão selvaticamente vilipendiado? Muito mais haveria a dizer desta grande encíclica mas hoje fico-me por aqui. Talvez no próximo post me venha a referir a ela mais uma vez.