Deleite
Recebi anteontem o tão ansiado “Livre noir de la Revolution française”. Confesso que nem sei que dizer, estou deslumbrado com o livro e só desejo o mais rapidamente possível mostra-lo aos meus famosos 2 amigos. É simultaneamente um livro grande (880 páginas) e um grande livro (por aquilo que pude ler por alto de alguns artigos) nele tendo participado cerca de 50 colaboradores. O livro está dividido em três partes: I: Os factos (25 capítulos), II: O génio (20 capítulos) e, por fim, III: Antologia (11 capítulos). Este livro seguindo a onda do “Livre noir du communisme” (aliás um dos autores e organizadores deste último, Stéphane Courtois, também aqui participa) dará, tal como este último um forte contributo para desfazer o mito fundador, da França moderna, da esquerda e da direita liberal, que são no fundo amigas/inimigas. Ignoro que tipo de reacções o livro suscitou até agora em França. Sei, no entanto, que no caso do “Livre noir du communisme”, há 11 anos, as reacções foram duma virulência inaudita por entre o “esquerdalho” que se sentiu interpelado na sua conivência com esse monstruoso crime que foi o comunismo onde quer que ele se instalou. Para que vejamos como a esquerda se mantém fiel a si própria pensemos naquilo que se passou no parlamento a propósito da votação da moção de pesar pela morte do Rei D. Carlos. Até agora li apenas parte do capítulo II, da I Parte, sobre o 14 de Julho, onde se conta com todo o rigor o que se passou e como a Bastilha, comandada por Launay, se rendeu perante a promessa de que a sua guarnição, e ele próprio não sofreriam quaisquer represálias. Sabemos bem o que se passou, Launay foi morto no “Hôtel de Ville” a golpes de sabre, e decapitado por um ajudante de cozinha, Desnot, sendo posteriormente a sua cabeça passeada por Paris na ponta de um pau, não sem antes o seu sangue ter sido bebido pela turba multa. Segundo nos diz o professor Jean Tulard (um dos colaboradores do livro) tratou-se de um (e passo a citar no original) “Acte d’un goût douteux, mais qui va se généraliser dans les années suivantes et devenir une forme de “civilité” révolutionaire pour les victimes de marque”. Qualquer semelhança entre estes monstros e aqueles que vão ao cemitério do Alto de S. João dar vivas aos regicidas, ou os que organizam festas em Castro Verde em sua honra, ou os que festejam o 5 de Outubro, é pura coincidência!
De momento é tudo o que posso contar sobre este fabuloso livro, indispensável na biblioteca de qualquer monárquico, mas à medida que o for lendo escreverei mais alguns posts sobre aqulio que mais me vai interpelando.