Tive recentemente a possibilidade de visitar a Rota do Românico do Vale do Sousa, região que tal, como o nome indica, é banhada pelo rio Sousa afluente da margem direita do Douro e que conflui com o rio Ferreira um pouco antes da foz. Esta rota foi criada precisamente para divulgar a grande riqueza turística da região e da qual fazem parte vinte e um monumentos, na sua maioria religiosos como de resto acontece quase sempre com o românico, mas também uma rica gastronomia e uma paisagem que sendo potencialmente bela está infelizmente muito desnaturada por construções hediondas fruto do “poder local” que Abril nos trouxe. Mas para mim o mais interessante, para além da fruição estética das ditas igrejas, é, em grande medida, o compreender a génese da nação, não só da nossa especificamente da nossa, mas das outras europeias. Os fieis, após a Missa, reuniam-se próximo da igreja, ou mesmo no adro, para discutirem os problemas da organização da polis, daí afirmar-se que a nação é o prolongamento natural da comunidade dos fiéis, isto é, a sua dimensão política. Claro que ao escrever isto é-me impossível não pensar no excelente artigo de Pierre Manent, aqui em tempos referido, e do qual tomei conhecimento na famosa “Pasquinada”. Graças a este artigo compreende-se melhor porque é que a nação, enquanto fenómeno político, só é possível no contexto do cristianismo no qual os fieis estão unidos pelo apelo da prática da Caridade e pelo Amor de Deus, daí que no contexto islâmico tal entidade nunca tenha surgido. Ao visitar todas estas igrejas, todas elas coevas do início da nossa Nação pensei em como esta se foi progressivamente estruturando, sob a autoridade real e a religiosa, de uma forma natural, isto é, não ideológica, ou, se se quiser ainda, orgânica. E assim se fez uma Nação que cresceu e que evangelizou e que se orgulhou de tal facto até que um bando de traidores em Abril de 1974 resolveu fazer tábua rasa de tudo isto.