24.3.09

Aniversário Reaça

O meu blogue preferido faz hoje a bonita idade de 5 anos. Tenho muita dificuldade em exprimir tudo o que devo a essa "pasquinada", cujos posts leio e releio várias vezes para melhor os "assimilar". Haver alguém que de uma forma simples, mas não simplista naturalmente, expõe o seu imenso saber e o partilha com humildes criaturas como eu, é algo que jamais poderei agradecer convenientemente. Se estou aqui a escrever estes disparates devo-o em parte ao senhor da "protuberância dorsal" e a outro amigo com quem em tempos partilhei este blogue. Mas o mais precioso de tudo é o ter ganho um grande amigo. Bem haja, Corcunda!

23.3.09

Obrigado, Santo Padre!


Tenho acompanhado por alto, confesso que tenho cada vez menos paciência para os média, a polémica nojenta da história do preservativo. Os selvagens que defendem a todo o transe o preservativo, para além do propósito óbvio de atacar o Santo Padre e com ele a Igreja, são o reflexo da ordem liberal, isto é, da democracia que assenta na satisfação no mais rápido espaço de tempo dos desejos mais primários das massas. Todos nós sabemos ser esse hoje o critério para aferir um “bom governante”, falar de um critério exterior ao homem que assente numa Verdade transcendente e, como tal, imutável seria imediatamente percepcionado como uma “tirania” intolerável. Daí que não nos surpreenda que todos os que criticam o Papa estejam imbuídos de uma cultura hedonista que os torna primários, escravos dos seus desejos e, consequentemente, eternas crianças mimadas. Dou graças a Deus pelo meu querido Papa que diz verdades tão incómodas, (a verdade é-o quase sempre), que ignora o "pensamento único" e, acima de tudo, é presença viva e testemunha do Amor d'Aquele que deu a sua vida e ressuscitou por todos nós.

17.3.09

Soljenitsyne

Recebi recentemente um texto enviado por um amigo legitimista francês sobre um célebre discurso feito por Soljenitsyne em 1978 em Harvard e com o título “O declínio da coragem”. Um texto de uma profundidade de análise e de uma actualidade impressionantes. Ao analisar a origem de estrutural incapacidade do Ocidente em se defender ele vai ao âmago da questão ao falar da indigência espiritual do homem moderno. Ao procurar a génese de tal tragédia ele não hesita em afirmar que “o erro deve estar na raiz, na base do pensamento moderno. Eu refiro-me à visão do mundo que prevaleceu no Ocidente na época moderna e na Renascença, e cujas consequências políticas se manifestaram a partir do Iluminismo. Ela tornou-se na base da doutrina social e política e poderia ser chamada, humanismo racionalista., ou autonomia humanista.: a autonomia proclamada e praticada pelo homem em relação a toda e qualquer força superior a ele. Podemos, pois, falar de antropocentrismo, isto é, o homem é visto no centro de tudo”. Quase trinta e um anos depois este discurso é hoje tão válido, ou mesmo ainda mais, do que há trinta e um anos. Um mundo que nega ao Homem a Esperança ao fazer-lhe querer que o Reino Céus é aqui na Terra, quer por via dos “manhãs que cantam” quer do “mercado global”, é um mundo inumano, como o podemos constatar diariamente. O Homem moderno é o “filho pródigo” que se compraz com batatas podres e renuncia assim ao tesoiro que o seu Pai lhe tem reservado. Mas o Pai não tem pressa, Ele tem tempo, Ele é o próprio tempo, Ele é. Quando terminará a bebedeira deste filho apóstata, que é o Homem moderno?

9.3.09

Românico

Tive recentemente a possibilidade de visitar a Rota do Românico do Vale do Sousa, região que tal, como o nome indica, é banhada pelo rio Sousa afluente da margem direita do Douro e que conflui com o rio Ferreira um pouco antes da foz. Esta rota foi criada precisamente para divulgar a grande riqueza turística da região e da qual fazem parte vinte e um monumentos, na sua maioria religiosos como de resto acontece quase sempre com o românico, mas também uma rica gastronomia e uma paisagem que sendo potencialmente bela está infelizmente muito desnaturada por construções hediondas fruto do “poder local” que Abril nos trouxe. Mas para mim o mais interessante, para além da fruição estética das ditas igrejas, é, em grande medida, o compreender a génese da nação, não só da nossa especificamente da nossa, mas das outras europeias. Os fieis, após a Missa, reuniam-se próximo da igreja, ou mesmo no adro, para discutirem os problemas da organização da polis, daí afirmar-se que a nação é o prolongamento natural da comunidade dos fiéis, isto é, a sua dimensão política. Claro que ao escrever isto é-me impossível não pensar no excelente artigo de Pierre Manent, aqui em tempos referido, e do qual tomei conhecimento na famosa “Pasquinada”. Graças a este artigo compreende-se melhor porque é que a nação, enquanto fenómeno político, só é possível no contexto do cristianismo no qual os fieis estão unidos pelo apelo da prática da Caridade e pelo Amor de Deus, daí que no contexto islâmico tal entidade nunca tenha surgido. Ao visitar todas estas igrejas, todas elas coevas do início da nossa Nação pensei em como esta se foi progressivamente estruturando, sob a autoridade real e a religiosa, de uma forma natural, isto é, não ideológica, ou, se se quiser ainda, orgânica. E assim se fez uma Nação que cresceu e que evangelizou e que se orgulhou de tal facto até que um bando de traidores em Abril de 1974 resolveu fazer tábua rasa de tudo isto.