Jornais há muitos, jornalistas nem por isso
Escreve o caro Pedro Guedes no Último Reduto:
O caso da economia é aliás paradigmático da dificuldade dos jornalistas em saber traduzir a realidade. Mas isso implicará que não seja necessário o saber jornalístico da academia? Implicará igualmente reconhecer que a formação na especialidade das matérias tratadas suplanta o conhecimento profundo das técnicas, das suas razões e da noção social da função da comunicação social? Ou basta “saber escrever”?
O jornalismo não pode ser feito por um conjunto de especialistas. Há que saber comunicar, aprender a fazê-lo: aprender a escrever, mas jornalisticamente falando. Nas ciências, por exemplo, o problema atinge proporções alarmantes já que a comunidade científica raramente sabe comunicar a não ser entre pares e os jornalistas não têm formação em “comunicação de ciência” (infelizmente, as universidades e politécnicos ainda não se adaptaram)
Em meu entender, o cenário ideal é o do profissional da comunicação com especialização em tratamento de determinadas matérias. Quanto muito tenho como aceitável profissionais das áreas com alguma formação jornalística. Uma coisa dissociada da outra dá certamente mal resultado.
5 Comentários:
É mais uma medida que visa reforçar a ditadura de pensamento único.
Meu caro SRA,
Seria dramático criar uma "boundaries comission" para determinar o que são as funções de um jornalista e depois não deixar mais ninguém desempenhá-las. Depois teríamos um para as empregadas de limpeza, os sociólogos não poderiam falar de política, os politólogos não poderiam falar de sociedade, e todos estes teriam de estar calados quanto à problemática exterior... porque ainda há os licenciados em Relações Internacionais!
Sejamos sinceros, o que falta aos jornalistas portugueses não é a técnica de comunicação, mas saber o que dizer, um enquadramento... E isso não se resolve com Cursos de Comunicação Social. Isso só serve para a perpetuação do corporatismo e replicação de chavões!
Permito-me concordar com o Corcunda. Meu caro Simão, sempre tinhamos que discordar em alguma coisa... :)
Abraço.
Caros Corcunda e Pedro:
Só me irrita chegar a uma redacção e ver pacóvios a mais, formados em áreas tão distantes como o direito, assumindo as secretárias que o primo, cunhado ou amigo lhe indicam. Mas isso sou eu, não sei...
Não é uma questão de corporativismo. Trata-se simplesmente de defender a profissão e os próprios media. Nada de rótulos fáceis.
Custa-me a crer que alguém defenda ainda ser desnecessária formação cientifica para exercer. Mas isso faz parte da corrente de descredibilização da classe. Já não me espanta.
Para mim é simples: trata-se de exigência, uma coisa que não entrar no ouvido dos Portugueses há já longos anos.
Como diz o caríssimo Pedro, tinhas de facto que discordar em alguma coisa! Mas assim também anima mais.
abraço a ambos
Caro Vitor, penso que o pensamento único reforçam todos aqueles que o querem mantém com a ditadura do "factor C".
abraço
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