11.10.06

Ser jornalista é difícil e dá dores de cabeça (e ainda bem...)

Por um lado existe uma necessidade imperiosa de dotar a classe de melhores profissionais. Bem sabemos que o jornalista se faz na tarimba, mas a prática profissional necessita, urgentemente, de uma base científica que em Portugal escasseia assustadoramente. É também certo que as Universidades portuguesas não formam bons profissionais. O facto depende da má gestão dos cursos, sem componentes práticas conciliadas com as teóricas numa complementaridade de formação, coisa a que só o ensino politécnico tem sabido responder satisfatoriamente. Mas não poderá ser a relativa má qualidade da academia portuguesa a perpetuar nas redacções a existência de jornalistas sem preparação cientifica. Pelo contrário, a limitação poderá servir de estímulo a uma melhor leccionação da profissão.

As contrapartidas encontram-se precisamente no estado a que chegou a classe. Rádios locais, imprensa de proximidade e sítios como, por exemplo, este, são mantidos por inventores, curiosos e não raras vezes assassinos da prática jornalística. Tira-los das suas cadeiras animadoras de tardes com discos pedidos e das secretárias onde exercem escrita deficiente, causará muito mau estar. Mas é necessário.

Não se trata de proteccionismo da classe, mas de uma passo significativo para a sua valorização científica. Deixar o sistema de equiparação é também um acto de consideração a quem estuda quatro ou cinco anos para tentar entender, minimamente, as fundações da comunicação em sociedade. Estudam-se Marshall Mcluhan e Harold Innis, discutem-se as velhas formas, projectam-se as novas, critica-se a actualidade e conclui-se que o jornalismo dá mais sentido à vida social, descodificando e produzindo esse mesmo sentido. Duvido é que metade dos jornalistas não licenciados deste país saibam sequer do que estou a falar. E isso é grave, muito grave... e tem de ser resolvido.

7 Comentários:

Blogger Jorge Arbusto Sr. disse...

A "Magazine Grande Informação" decidiu editar todos os meses um artigo escrito por um leitor, o companheiro como é jornalista podia arriscar a sua sorte, a revista vai comemorar o seu primeiro aniversário no próximo mês.

Lamento imenso a publicidade, mas gosto mesmo da revista...

www.magazine.com.pt

17:54  
Blogger SRA disse...

Caro Jorge Arbusto

Conheço a Magazine. Faz parte das minhas leituras regulares. Não sabia, contudo, que iriam publicar artigos de leitores, para além de algumas cartas enviadas. Vou informar-me sobre o assunto.
Só uma pequena emenda: ainda não sou jornalista. Estou no 5º ano de Comunicação Social. Mas também já não falta assim tanto...

abraço

18:01  
Blogger Rodrigo N.P. disse...

Grato pela ligação, entretanto já retribuída.

RN

19:23  
Blogger SRA disse...

Caro Rodrigo Nunes, as boas leituras são obrigatóriamente boas referências e, neste caso, ligações.
abraço

19:34  
Blogger SRA disse...

Caro Visconde
Como referi, esse é precisamente um dos grandes problemas da academia portuguesa. Os cursos estão mal adaptados à realidade que os alunos encontrarão nas redacções, não apostando na vertente prática, como deviam, fazendo-a coincidir com a indispensável formação ciêntifica. Mesmo assim, a má realidade das universidades e politécnicos - estes últimos melhor na àrea da comunicação - não deve ser impedimento para a limitação da prática jornalistica a licenciados. Pelo contrário, talvez force o ensino superior a rever os programas e as práticas pedagógicas.
Pena é que tenha desistido desta via profissional. Embora seja verdade o que diz, não se cinge ao jornalismo. É um mal portugues, mas nem por isso nos pode fazer baixar os braços.

abraço

20:00  
Blogger Paulo Cunha Porto disse...

Meu Caro Simão:
Não posso concordar, salvo, eventualmente, em orgãos de comunicação social públicos. Os privados, como qualquer outra empresa devem ter inteira de liberdade de contratar doutorados ou pessoas com a antiga quarta classe, conforme achem que lhes convenha. Sendo que alguns dos menos diplomados serão melhores do que muitos cheios de canudos, mas não é aí que bate o ponto. Simplesmente na liberdade de escolha do empregador.
Abraço.

22:06  
Blogger SRA disse...

Caro Paulo
Discordo totalmente. Contratar um jornalista não é nem pode ser o mesmo que empregar um canalizador. O profissional dos órgãos de comunicação cumpre um papel social importante o suficiente para cairmos na tentação da liberdade contratual. Não se trata de uma actividade irrelevante a esse ponto, muito pelo contário.
abraço

22:22  

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