Monarquia e Tradição - não podia pedir melhor
Quis o FSantos, num gesto de pura cordialidade, distribuir estas riquíssimas prendas na data que assinala os dois anos da sua presença na blogosfera.
Calhou-me em boa parte uma selecção de algumas passagens imprescindíveis da Posição de António Sardinha de Luís de Almeida Braga. Documento indispensável a qualquer monárquico, de leitura obrigatória, que aqui faço questão de deixar segundo a própria leitura do FSantos:
Monarquia e Tradição
«A História ensina implacavelmente não haver autoridade fixa sem hereditariedade. Pela hereditariedade a Monarquia assegura a duração do governo, a previsão e a constância nos distantes projectos. Quando se fala nos perigos dos acasos do nascimento, escondem-se malevolamente as tristes e frequentíssimas surpresas da eleição, de que já colhemos tão amargos exemplos. A hereditariedade garante a continuidade e a lógica nos empreendimentos políticos: é a promessa clara da boa conservação do património nacional, com a particularizada e segura educação do futuro soberano.
«Mais do que a unidade do poder, é na forma hereditária da sua transmissão que reside a superior vantagem da Monarquia (...)
«Não há ciência sem experiência, nem Pátra sem tradição. Que se diria do sábio que desprezasse as obras e as experiências dos seus predecessores e limitasse o seu trabalho à própria experiência, ao simples facto presente, à prova momentânea?
Não tem sentido a terra fora da lembrança daqueles que a serviram e amaram. O passado alarga e ilumina o presente. Através de todas as transformações económicas e científicas, há paixões, instintos e sentimentos que se conservam fixos e necessários. Somos tributários do Passado, servos de instintos herdados. Tradição não é velharia, hábito irreflectido, que apenas consiste em repetir cegamente o que já teve razão de ser e a não tem mais. Isso é inércia, e a tradiçãoé o contrário dela. Não é também sinónimo de conservação, nem a explica o amor das ruínas extáticas, suspensas do beijo melancólico do luar. Para o verdadeiro tradicionalista, inteligente e activo, o Passado é fonte de exemplos e de lições. A tradição é para ele o que durou, o que provou secularmente. A vera tradição exige estudo e reflexão. É crítica. Reúne as forças da terra e do sangue, dos reveses do Passado tira ensinamentos, dos êxitos – modelos. Representa-a o que de positivo nos legaram nossos pais antigos. E esse conteúdo positivo, continuadamente acrescentado no rodar do tempo, torna a Tradição coisa viva, que não cessa de se enriquecer, de progredir. Produto de costumes seculares e de necessidades próprias, assente sobre a observação e sobre a história, a Tradição é força activa que se desenvolve incessantemente. Tradição é continuidade no desenvolvimento, permanência na renovação, como Sardinha gostava de repetir. Direi mesmo: Tradição, é selecção. (...)
«Os povos vivem da sua Tradição; e quando perdem, com a memória e o respeito dela, a sua continuidade histórica, entram no caminho onde emboscada os espera a Morte!»
Luís de Almeida Braga, «Posição de António Sardinha», Edições Gama (Cadernos Políticos), Lisboa, 1943
2 Comentários:
O grave de a continuidade permanente da tradição ceder o prestígio ao ciclo infernal da inovação é, Caríssimo Amigo, virar os olhos para o vizinho em vez de o fazer para os Avós a quem, realmente, se deve algo que transcende o ruído.
Abraço tradicionalista.
A inovação, tal e qual a vemos hoje, é de facto muitas vezes norteada pela velha sabedoria popular: "a galinha da vizinha é melhor que a minha". Portugal é um caso paradigmático.
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