25.11.06

Dom Duarte e a Democracia (IV)

São quase três da madrugada, estou com sono, meio "tocado", mas apetece-me escrever como se fosse uma necessidade de últimas orações, umas completas cantadas, entoando o Nunc dimittis!...

Sou contra a realização de um referendo ao regime. Isso está assente. Porquê?
1 .
Se se referendar a pessoa do rei, subverte-se o sentido familiar de sociedade para abraçar o individualista que se realiza, naturalmente, na rejeição do principio da hereditariedade como garante de estabilidade da soberania. Monarquias electivas são despóticas.
2. Se o plebiscito incidir na escolha do regime, irá contra a própria natureza monárquica. Ou seja, conferindo poder popular nesta matéria, está a negar-se no que é em si e por si. A Família Real não pode submeter-se à vontade volátil dos indivíduos sob pena de quer a soberania quer os súbditos deixarem de o ser. Penso que o argumento do reencontro do reino consigo mesmo - de Portugal com a Portugalidade - cai aqui por terra porque anula-se com o referendo a essência da monarquia. Aprovando-se a própria impossibilidade da sua repetição, anula-se ainda mais o primeiro na medida em que se reconhece a incompatibilidade absoluta da manutenção do regime com essa forma de poder popular. E isso leva-me a concluir que também o seu início - ou restauro - não poderá depender de tal decisão, por questão de principio e coerência. Se assim for, nasce torto e jamais se endireitará.

Perguntam, e com razão, qual a solução para a restauração. Quer parecer-me, caríssimos correlegionários, que é doutrinar. Quando o sentimento do reino for de tal forma unânime quanto à necessidade de restauração, de modo a não necessitarmos de colocar a prémio o que não é para ser disputado, ai sim teremos razões de esperança. Para guerra civil, basta-nos a república partidocrática.

Boa noite e até Domingo.
(entretanto, vou tentar acompanhar a evolução da discussão, pedindo os vossos comentários esclarecedores de qualquer incoerência no meu pensamento)

9 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Só uma correcção ao seu pensamento num texto anterior:

Pareceu-me dizer que a República e o "jacobinismo" são dissolventes de pátrias (por oposição à monarquia). Os tradicionalistas de toda a Europa, sobretudo católicos, dizem exactamente o contrário.

Até ao liberalismo novecentista, nunca existiu qualquer noção de "pátria" (de "pátria" sim, de "nação" e de "pátria" como a entendemos hoje, não).
Existiam comunidades, Reinos, principados tradicionais. Estes podiam ter coroa, ou por tradição, conquista ou acordo, formar parte de coroas mais abrangentes, como na Grã-bretanha, França, Austria-Hungria ou a Espanha de 1475 - 1512.

Qualquer tradicionalista monárquico ou Carlista Espanhol denuncia a noção maçónica de "pátria" e de "nação" criadas pelo liberalismo do século XIX. Só existe "Pátria Espanhola" a partir da constituição liberal espanhola de 1812.

Tal nunca existiu até aí. Existiam Reinos e comunidades forais(Castela, Aragão, Navarra, Principados como a Catalunha, comunidades como as Vascongadas etc.),que passaram a formar uma coroa unida, que se prometia proteger o seu foralismo, as suas línguas e territorios(ás vezes abusavam), e que só por costume se passou a chamar Reino(Reinos) de "Espanha"(sobretudo com os Borbons).

Eram várias pátrias. "Pátria Espanhola" só na constinuição liberal de 1812, no século XIX, por imitação da francesa. "Estado Espanhol", só a partir de Franco, em 1936.

A Restauração das pátrias e dos antigos Reinos medievais foi obra dos liberais e dos maçons oitocentistas, que lutaram pela restauração de pátrias com base na defesa de uma língua comum (um atentado para os monárquicos tradicionalistas), como a Grécia(que nem sempre teve unidade política na antiguidade) contra o turco; pela restauração dos Reinos Medievais e modernos da Polónia, da Hungria etc. etc. contra as monarquias tradicionais e imperiais da Rússia, Austria etc., pelos romenos, pelos bulgaros, pelos servios e croatas; pela irlanda e as comunidades "célticas" etc.. Tudo isto contra o mundo de então.

Em Espanha, o liberalismo dividia-se entre a defesa de uma nova "pátria espanhola", que nunca existiu para a monarquia tradicional, e a defesa das verdadeiras pátrias - que a maioria viria a fazer na primeira metade do século XX, - e respectiva defesa de comunidades línguisticas comuns, mesmo não sendo reinos tradicionais; -ou fazendo parte de vários reinos (no caso de Euskadi - os Vascos, espalhados por Navarra, Castela e Gasconha francesa), ou da Catalunha-Valência.

Meu caro, está ver a coisa ao contrário. A Europa das pátrias é do liberalismo e do republicanismo novecentista, sempre combatido pelas monarquias anteriores.

Felizmente Portugal já era Reino com Pátria, por isso, para os portugueses, tudo é mais simples.

12:21  
Anonymous Anónimo disse...

Só um acrescento: Mesmo a Itália e a Alemanha não são excepções. A ideia do republicano e liberal Giuseppe Garibaldi( Que havia lutado no Rio Grande do Sul ao lado de Bento Gonçalves pelo federalismo e pelo republicanismo, contra um regime com o qual eu muito simpatizo - O Império Brasileiro, monárquico, liberal, e constitucional), - preconizavam a noção de restaurar a "pátria" (mesmo quando ela, como a defendiam, nunca tenha existido, à excepção do tempo de Roma) , mas que era real como unidade línguística (apenas diferenças dialectais) - no caso da Itália. Aqui reunificava-se, no caso da Itália; ali lutava-se pela divisão, no caso dos Imperios Austríaco etc., mas a coerência era mesma.
Talvez uma das poucas excepções seja a Alemanha: uma reunificação baseada numa força conservadora.
Fica o esclarecimento.

Sobre Portugal e a temática aqui tratada:

Como exemplo temos as cortes de Coimbra, que elegeram o Mestre de Avis. Seguiram a aclamação tradicional, é verdade; mas fizeram-no contra a maioria do reino, contra a legitimidade aceite pela nobreza na esmagadora maioria(que estaría ao lado do Rei Castelhano em Aljubarrota), e baseados apenas numa REVOLUÇÃO POPULAR de Lisboa, que impôs o Mestre pela força à nobreza e ao "statos quo", contra a maioria do Reino, com o apoio do Condestável e de uma minoria, e também de alguma burguesia.

Com esses "purismos" anti-vontade popular e "pseudo-legítimismos", não haveria 1385 e 1640(e pela vontade de quase todas as elites nobres sobretudo na 1383-85, - já que na de 1640 optaram pela revolução), nem sequer havería independência, - porque o Rei que está é o rei que está.

Outra coisa: Não confunda também a Maçonaria Jacobina com a Grande Loja Regular de Portugal ou outras ordens heterodoxas mas de inspiração na Cavalaria cristã.
Se não fossem alguns homens que conheço, sobretudo ligados à segunda(por pertença ou por amizade), não haveria estudos da tradição Sagrada e Esotérica da história de Portugal, como Ourique e outras tradições. Já que na área da direita dita patriótica e romana, poucos o fazem, e muitos combatem-na.

O Rei é sim, eleito por Deus, e muitas vezes a Voz de Deus ouve-se no povo.
A Origem Divina está na tradição do Milagre de Ourique.

13:00  
Anonymous Anónimo disse...

Só um ponto, meu caro. Mesmo que existisse essa conversão generalizada ao princípio monárquico, não teria de haver uma positivação da nova ordem?
Parece-me que sim...
Vou escrever (mais) sobre isso.

Abraço

O Corcunda

13:52  
Anonymous Anónimo disse...

Aqui, o Integralismo Lusitano, a Democracia Orgânica, os Corpos Intermédios e a Doutrina Anti-Parlamentar e Anti-Partidária.
Ali o Neocartismo e a Tradição Constitucional Portuguesa.
Escreve Miguel Castelo Branco :
- «(...) O princípio monárquico, qualquer que seja o seu acabamento jurídico e constitucional, quaisquer que sejam os fundamentos de legitimação que assistam aos seus defensores, é preferível a qualquer forma republicana. Depois fala-se das essências ...».
Mas é que não é imaginável referendar outra coisa que não seja a essência de um Regime ...

14:34  
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