26.3.07

O boy socialista

Convidado por um amigo, agente de viagens, participei numa viagem ao Porto e ao concelho de Matosinhos inserido num grupo de profissionais deste ramo. Uma das actividades que constavam do programa era uma palestra dada pelo referido boy, detentor de um importante cargo na Câmara Municipal desta última localidade. Este fez-se deslocar no habitual Volvo, tão ao agrado desta casta, e conduzido por um chofer, ambos generosa e gratuitamente colocados ao seu serviço pelos contribuintes para que, aqueles que com tanto “engenho e arte” os servem, sejam aliviados das agruras de tal múnus. A conferência, interessante, foi a propósito do potencial turístico gerado pelas obras dos grandes arquitectos, da “gauche caviar” (confesso que não gosto muito desta expressão gaulesa porque a considero um pleonasmo), nos referidos concelhos. Falou-se inevitavelmente do “meteorito”, isto é, a Casa da Música como lhe chamou a Maria Filomena Mónica, e que segundo ele nos comunicou custou a bagatela de 250 milhões de euros, mais do que a “mastaba” de Cavaco Silva (qual Ramsés II!), isto é, o CCB. No final, e de uma forma algo tímida e pseudo ingénua, acerquei-me do boy para lhe perguntar se sabia qual o montante inicialmente previsto para a construção, ao que este me respondeu que foi mais do que o previsto, procurando assim furtar-se a uma questão que aparentemente lhe causava algum incómodo. Voltei então à carga pedindo-lhe números mais exactos, ao que ele me respondeu: “cerca de 100 milhões de euros!” Perante a minha expressão de pseudo espanto, visto que já tinha uma ideia da “derrapagem”, disse-lhe: “se as empresas privadas fossem geridas assim que seria de nós!”. Ele confessou, então, compreender a má imagem que todas estas obras têm perante a opinião pública mas garantiu-me que estava a ser feito um esforço de contenção…Explicou-me todavia que tal derrapagem se deveu à quantidade de betão utilizada ter sido muito superior à inicialmente prevista. Não serão as clientelas (construtores e empreiteiros e indirectamente a partidocracia) a recompensar habitualmente neste tipo de obras emblemáticas do regime, o betão a que se fere o nosso boy?

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