Partidos e patidocracia
Tenho acompanhado com bastante interesse o debate blogosférico entre os amigos Corcunda e GdR a propósito da existência ou não de partidos políticos. Após ter lido os dois pontos de vista expressos creio que talvez seja possível chegar a um consenso entre eles. Como todos nós sabemos existe hoje em todos os países europeus, em maior ou menor grau, uma crise de representação devido ao facto de esta ter sido usurpada pelos partidos que se tornaram autênticas agências de sinecuras e que limitam a participação na gestão da res-pública aos cidadãos. A própria democracia tendo em conta que, por definição, é representativa transfere automaticamente e na totalidade para os partidos o monopólio da nomeação dos cargos políticos o que, ainda para mais, é um excelente factor de tráfico de influências. Ao procurar-se estabelecer-se uma autêntica representação da diversidade da Nação, naturalmente dentro do respeito e na procura do Bem comum como referiu o Corcunda, tem que haver representação de todos os corpos (associações, municípios, sindicatos) e aos quais se poderão juntar os partidos. Partidos que, neste caso, mais não serão do que associações, devendo ser colocadas num plano de igualdade com todas as outras, e cujos membros partilham, por exemplo, uma determinada concepção da organização económica do país e nunca agências de empregos. Isto para evitar o que temos actualmente em que os partidos detêm o monopólio da representação politica. Neste caso em que os partidos estão cerceados não vejo porque não possa ser possível a sua existência visto que não estamos a questionar a Nação nem a sua integridade mas apenas a dar voz a uma sensibilidade. Todas estas associações se encimadas pelo “Pendão real”, como diria Luís de Almeida Braga, não poderão, em princípio, ficarem donas da res-pública. Penso que dentro destes parâmetros talvez seja possível compatibilizar os dois pontos de vista. Se disse alguma asneira o amigo Corcunda corrigir-me-á.