28.10.06

Ad dexteram

A catalogação da direita pela esquerda gerou um processo mental favorável às ideologias sinistras. É um dado adquirido em Portugal. Depois do golpe militar de 25 de Abril de 1974, abriu-se uma janela de oportunidades para o socialismo: o seu desenvolvimento deveu-se, em muito, à morte dos que englobaram no mesmo saco do fascismo. Eram reaccionários contra o progresso, “velhos do Restelo”, “cães capitalistas”, ditadores… nazis!
O que o PCP e o disco riscado que mantém a tocar mais temem é uma “desmistificação” da direita. Todos os outros estão susceptíveis de se enquadrarem nos rótulos do costume, mas os liberais só encaixam num. E o problema é que, passados mais de trinta anos, já não conseguem convencer com tanta facilidade de que o combate se faz aos ricos. Há uma nova escola de pensamento emergente e convincente de que o processo é precisamente o inverso. Combater a pobreza requer o investimento dos que mais têm – o mesmo é dizer do “grande capital” – para gerar emprego.
Fora a lógica mais comum e mais prática das ideologias, o liberalismo consolida-se também num forte apoio filosófico. Precisamente aquela área em que a esquerda capitulou nas provas indesmentíveis da História, sobrevivendo hoje de uma suposta luta laboral constante do reduto comunista.
O estado social está a ser posto em causa. É certo que as regalias de alguns incapacitam as mentes, mas os factos comprovam a decadência do sistema. Será talvez uma questão de tempo, a médio/longo prazo, para a reviravolta definitiva. Uma insurreição contra as “portas que Abril abriu” que mais não fizeram do que cerrar alguma esperança da Pátria.
Mas há um revés perigoso na especulação deste movimento. Uma contrapartida óbvia e preocupante. Um mal necessário, dirão. Quer por uns, quer por outros, a “direita dura” será sempre catalogada.

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