Bom e mau terrorismo
Aguardando com o meu filho mais novo na sala de espera de um consultório que o chamassem, passei os olhos por um desses jornais de distribuição gratuita. A dada altura deparo com um artigo sobre o regicídio que naturalmente me chamou a atenção. Ao lê-lo redescubro naturalmente a versão historicamente correcta da queda da monarquia liberal, a lenga-lenga habitual do “escândalo” das adendas à Casa Real e o descontentamento com a mesma, sem nunca se referir naturalmente o que foi aquela inenarrável I República. O jornalista para escrever o artigo recorreu a citações do historiador "oficial do regime", Fernando Rosas, o que garante um "inquestionável" veracidade ao mesmo, uma espécie de “bênção laica”. Mas o que mais me enojou no dito artigo foram as afirmações do bloquista criticando o facto de se chamar acto terrorista ao regicídio visto que, segundo ele, este não se enquadraria no figurino do mesmo sendo sim o resultado do descontentamento popular. A sinistra organização terrorista Carbonária, a propósito da qual o paranóico António José de Almeida dizia que “sem ela a revolução não seria possível”, foi indubitavelmente a responsável por um tão abjecto acto e tinha uma estrutura celular em tudo semelhante a qualquer grupo terrorista da actualidade, como a Al-Quaeda, com uma cúpula dividida em três lojas sendo a mais importante a “Grande Loja”. Cada uma destas lojas subdividia-se em “barracas” dirigidas por um “bom primo” que era o único que contactava a “Grande Loja". As afirmações do bloquista reflectem a hemiplegia moral à qual já estamos habituados por parte destes “iluminados” do iluminismo, tão relativistas. Durante anos venderam-nos a teoria das boas e más ditaduras, do “sol das amplas liberdades” e outras pérolas. Que nojo profundo que sinto por esta fauna imunda de intelectualóides inúteis!