1.2.08

Homenagem

Assisti há um bocado à conferência do historiador Rui Ramos na Universidade Católica sobre o Rei D. Carlos. Rui Ramos tem feito um trabalho notável no sentido de reconciliar os portugueses com a sua história que tão deturpada tem sido pelos herdeiros da Carbonária. Uma simples passagem por qualquer manual escolar chega para nos confirmar tal facto. Rui Ramos descreveu-nos todo o contexto complicadíssimo no qual D. Carlos se moveu e que era o do monarca constitucional no qual este, se bem que não governando directamente, arcava com o ónus da governação, e consequente desgaste, visto que era ele que dissolvia as cortes e escolhia os primeiros ministros. Podemos dizer que este modelo de monarquia era, em última instância, um atentado ao próprio regime visto que este foi ficando progressivamente refém dos políticos. O único obstáculo a que estes dominassem por completo todo o aparelho do Estado e o usassem em benefício próprio, tal como acontece actualmente, era a figura do Rei (o “garante contra a democracia” com alguém já o definiu). Foi por este motivo que D. Carlos foi imolado, porque não se eximiu de cumprir o seu papel mesmo sabendo os riscos que corria. Gostaria, pois, neste dia tristíssimo para nossa História, bem como para a nossa Civilização, de prestar homenagem a um HOMEM cujo ecletismo, bondade, afabilidade, sentido do dever, da lealdade e do serviço lhe granjearam um justíssimo lugar na História de Portugal (algo que os pigmeus que impediram a presença da Guarda Republicana no Terreiro do Paço jamais terão). Mas a minha homenagem não ficaria completa se não tivesse igualmente uma palavra para o tão promissor Príncipe D. Luís Filipe, que morreu heroicamente defendendo o seu Rei, para a notabilíssima Rainha D. Amélia, que assistiu ao assassinar do seu marido e do seu filho e ainda teve a coragem de fazer face aos assassinos com o seu ramo de flores, e ao jovem D. Manuel que apesar de todo o seu sofrimento não hesitou em assumir as suas responsabilidades perante a Nação. Proibir a presença da Guarda Republicana hoje no Terreiro do Paço às 17h00, bem como comemorar o 5 de Outubro, é repetir este acto asqueroso, uma espécie de “missa negra” de “acção de graças” aos assassinos. Quanto às vítimas resta-me apenas agradecer-lhe o seu testemunho de coragem e dizer, “Dai-lhes, Senhor, o eterno e merecido descanso”.

5 Comentários:

Blogger Flávio Santos disse...

Obrigado por este belo texto num dia tão triste para qualquer português que se preze.

11:07  
Blogger Vítor Ramalho disse...

Hoje somos todos monárquicos mas sobretudo soltamos um grito contra a cobardia dos assassinos e das sinistras organizações que o promoveram e financiaram.

14:26  
Blogger Nuno Castelo-Branco disse...

E tivemos ainda o prazer de assistir à assunção do crime pelo regime. Aquela gentuça que vetou a moção do Pignateli, demonstrou bem a sua orfandade: não podiam ofendar a memórias dos pais Buíça/Costa.

19:25  
Blogger Nuno Castelo-Branco disse...

Desculpa, dizia ofender e não ofendar (é a pressa). Quanto à questão suicida da monarquia, deixa que te diga que se olharmos para a Europa de hoje, não é bem assim. O problema é o chefe de Estado ter poderes que não lhe deviam mais pertencer. Hoje em dia, as únicas repúblicas europeias, são as Monarquias. Basta atravessar a fronteira e ver a diferença no relacionamento institucional. Como o Cavaco disse no discurso do 1º de Fevereiro, devemos ouvir o conselho de D. Carlos: andar para a frente.

19:37  
Anonymous Anónimo disse...

A filha sobrevivente do Rei D. Carlos I de Portugal foi D. Maria Pia de Saxe Coburgo Bragança, irmã do Rei D. Manuel II. Existem muitos registos desse facto, só ao Duarte Pio é que parece não agradar muito a ideia. É o que dá termos um falso chefe real que prefere enganar o povo para assegurar a sua cadeirinha.

17:33  

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