12.3.08

Decepção

Tal como era previsível o debate de ontem foi decepcionante pelas razões que tinha previsto e que referi no post anterior. Uma pessoa menos informada nestas matérias ao ver o programa fica rigorosamente na mesma, e é por isso que sou muito céptico em relação ao Prós e contras que nada esclarece. Em cada programa ficamos perante duas forças de resultante nula. Ver os monárquicos “a jogar em casa da esquerda” e com a sua argumentação é vê-los na defensiva, como que a pedir perdão por defenderem que “aquela coisa” (com o devido respeito naturalmente) lá em cima não seja eleita. Os republicanos por seu lado falavam de um país abstracto e ideal e onde tudo funciona bem (para eles), um pouco como o que o se passava com o comunismo, e que nada tem a ver com a realidade, gerando-se assim um hiato cada vez maior entre o discurso oficial e a realidade que é sentida por todos nós. Ouvir, por parte de alguns republicanos, leituras da História contemporânea com odes ao Progresso, e defender princípios, que culminaram naquilo que foi o horror do século XX, é algo de uma cegueira inqualificável. É impressionante ver a prosápia e a arrogância destes “derrotados da História”, e que ainda por cima se vangloriavam de lhe ter descoberto “as leis”. Todo o discurso que não parta do real para elaborar um “programa de ataque” ao impasse no qual Portugal se encontra é algo de ideológico e, como tal, deve ser rejeitado. Uma coisa no entanto ficou bem clara, não sendo novidade nenhuma, é que o regime e o GOL se confundem, daí Paulo Teixeira Pinto ao pedir um referendo ao regime, se dirigir ao Grão-Mestre do GOL. Como momento de hilaridade e de um certo relativismo destacaria a intervenção do “anfotérico” (para usar um termo da química) o tal monárquico e republicano, o Prof. Adelino Maltez, quando afirmou que em virtude de também ter havido um presidente assassinado, Sidónio Pais, estávamos todos “quites”, e portanto não era por aí que os monárquicos deveriam pegar. Não está mal, não senhor, e os republicanos agradecem. Enfim, tudo muito pobre e deprimente.

5 Comentários:

Blogger VERITATIS disse...

É caro António Bastos, sem dúvida uma decepção. Mas não era nada que já não se esperasse.

Aproveito também a oportunidade para a agradecer a sua passagem lá pela minha barraca – é fraquinha mas faço os possíveis.

Um abraço.

15:27  
Blogger António Bastos disse...

Muito obrigado pelas suas simpáticas palavras.Quanto à hipotética fraqueza do seu blog que diria eu então?
Um abraço

22:25  
Anonymous Anónimo disse...

Aqui no Brasil temos o mesmo problema. A restauração da monarquia também é vista pelos monárquicos apenas como a mudança do sistema de provimento do "cargo" de chefe de Estado, de eletivo para hereditário. A maioria é "parlamentarista monárquico".
Já os republicanos vêem mais longe, e por entender que a mudança nao é só estética, a ela se opõem.

02:00  
Blogger Nuno Castelo-Branco disse...

Pois, mas apesar de tudo, a mensagem que passou não foi assim tão negativa. É que a vitória foi nítida...

18:54  
Blogger Nuno Castelo-Branco disse...

Só mais um reparo. O dr. Maltês, decerto sabe muito bem quem matou o inefável Sidónio. Foi um republicano radical, apaniguado do Afonso Costa. Não estamos quites, não senhor. Nem queremos "quitar" absolutamente nada, porque os monárquicos não são esse tipo de gente que anda por aí a tripudiar há mais de cem anos. Nada de confusões. A morte do Sidónio, a Camioneta Fantasma e a Leva da Morte - entre outros alegres eventos -, consistiram em meros vaudevilles republicanos. Ponto final!

18:57  

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