28.3.08

Próxima leitura

Lendo há alguns dias um artigo no site “Polemia” a propósito da publicação em França, no passado mês de Outubro, do “Dicionário do comunismo”, dos mesmos autores do “Livro negro” deparo com a referência a outro livro, publicado em Janeiro do corrente ano (no dia 21, será por acaso?), e que me despertou imediatamente uma grande curiosidade: “O livro negro da Revolução Francesa”. Um livro que se insere na tradição “iconoclasta” iniciada com o “Livro negro do comunismo” e que é escrito por um conjunto de autores dos quais destaco, Jean Sévilla, de quem li “Historiquement correct” e “Le terrorisme intelectuel”. Numa França cada vez mais descrente das suas instituições, de Sarkozy (como as recentes eleições municipais o demonstraram), e, por isso, dela própria, a publicação deste tipo de livros tem o mérito de a ajudar a fazer a psicanálise do seu próprio passado, de percorrer a sua “Via Dolorosa” até encontrar a sua “estrada de Damasco”. Será um pouco como o “Filho(a) pródigo(a)”. A França terá que estar saturada de “chafurdar no lodo e comer na pocilga” para que diga para ela própria “Que bem que eu estava na casa do Pai”. Claro que o preço será elevadíssimo, mas não creio que haja qualquer alternativa. Naturalmente que alguns dos meus leitores poderão porquê ir buscar os Evangelhos? Pela simplicíssima razão que, como muito bem dizia Bonnald, todos os problemas de ordem política têm na sua génese problemas de ordem espiritual. Lembro-me de um excerto da encíclica de Leão XIII, Aeterni Patris, que é de uma actualidade desconcertante (peço desculpa aos leitores mas só encontrei a versão em francês), e no qual este Papa coloca esta questão com uma clareza cristalina. Oiçamo-lo então:
Si l'on fait attention à la malice du temps où nous vivons, si l'on embrasse, par la pensée, l'état des choses tant publiques que privées, on le découvrira sans peine : la cause des maux qui nous accablent, comme de ceux qui nous menacent, consiste en ce que des opinions erronées sur les choses divines et humaines se sont peu à peu insinuées des écoles des philosophes, d'où jadis elles sortirent, dans tous les rangs de la société, et sont arrivées à se faire accepter d'un très grand nombre d'esprits. Comme, en effet, il est naturel à l'homme de prendre pour guide de ses actes sa propre raison, il arrive que les défaillances de l'esprit entraînent facilement celles de la volonté ; et c'est ainsi que la fausseté des opinions, qui ont leur siège dans l'intelligence, influe sur les actions humaines et les vicie. Au contraire, si l'intelligence est saine et fermement appuyée sur des principes vrais et solides, elle sera, pour la société comme pour les particuliers, la source de grands avantages, d'innombrables bienfaits.
Não me canso de ler estas palavras. Que imensa sabedoria! É aqui que residem os problemas da nossa época, “des opinions erronées sur les choses divines et humaines”. Há por aí tantos falsos evangelistas que não surpreende que estas opiniões se tenham difundido assim tão facilmente. Vou então encomendar brevemente este “Livro negro” sobre o qual espero vir a poder escrever um post.

2 Comentários:

Blogger Nuno Castelo-Branco disse...

Estou mortinho por pôr as minhas "gânfias" nesse livro... No entanto, duvido muito que o Pacheco Pereira - e ao contrário do que aconteceu com o Livro Negro do Comunismo - se interesse pela coisa.
Quanto à França, basta olhar para a capa dos seus passaportes, para verificar que toda aquela sucata lá estampada e que substituiu a flor de lis, quer dizer algo.

10:51  
Blogger António Bastos disse...

Já há uma pessoa em lista de espera para o ler mas logo que ela tenha terminado terei todo o gosto em te o emprestar na condição de me devolveres os livros meus que estão na tua posse.

02:10  

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