O Último Papa (I)
Começo por um reparo simples, coisa pouca para o autor do anunciado best seller! No programa Livro Aberto da :2, Luís Miguel Rocha diz que "houveram muitas coisas"... enfim...
Que o PSD teve culpas no cartório é indesmentível. A concelhia de Setúbal, a distrital e a nacional. Desentenderam-se, atrapalharam-se, passaram-se a perna e fizeram-se ultrapassar pela velha guerrilha interna. A opinião dos comentadores foi certeira: “os setubalenses pouco ou nada podem esperar do PSD”.
O concelho tem uma conjuntura de esquerda e isso explica em muito que ninguém tenha saído à rua. Se a situação se invertesse e o Dr. Fernando Negrão tivesse arruinado a autarquia, o PCP juntava sem dificuldade umas boas dezenas de cidadãos, mais ou menos alienados, e punha-os a gritar na baixa. Lá vinham os “capitalistas”, “ladrões” e “fascistas” nas bocas do povo, mais uns “Grândolas” para ajudar a memória. Mas não, foram os bravos do 25 de Abril que, sempre iluminados, sempre cientes das carências e necessidades dos trabalhadores, resolveram dar “uma nova dinâmica” ao executivo. É a inimputabilidade comunista no apogeu!
Os social-democratas retraíram-se na questiúncula interna e no medo das comparações. Esqueceram-se que o povo se esquece! Já ninguém se lembra do Durão e do Santana a não ser as bases partidárias. Não havia perigo de lembrar os incómodos do passado que o PSD não soubesse acalmar, mas ficaram-se pelo receio e pela “calma” bafienta que vai caracterizando a ala laranja. Uns derrotados por antecipação. E depois os resultados não poderão ser os melhores com um candidato independente que não abdica do direito de contradizer o partido. É uma obstinação do homem, defeito profissional de juiz que trabalha isolado. Enfim, teimosia perigosa de quem não quer mais do que a maquina de campanha.
Ouvir o Jerónimo de Sousa na SIC Notícias foi devastador. Depois de uma tarde com a habitual e já entediante discussão política sobre Setúbal, soube bem ver algumas coisas plenamente clarificadas. Nós sabemo-las, mas é bom ouvi-las vezes sem conta. Consolida sempre mais o ódio que estimamos pelo PCP.
Ora, segundo o metalúrgico, “a população de Setúbal votou num programa…” que, segundo este humilde blogger, é desconhecido de 99.9% dos cidadãos do concelho. Mas o mais engraçado foi o remate da palhaçada: “… e numa equipa”. Que o comité central (com bunker na Av. 5 de Outubro) considere a obediência à cartilha como obrigatória, explica o afastamento dos renovadores. Que se queira treinar uma equipa na qual mandam os adeptos, é coisa bem pior. Não se trata só de uma questão partidária interna a imiscuir-se na vida executiva da cidade, mas de uma posição completamente desonesta face à realidade da estratégia que marcou a campanha da CDU, personalizada na cara do “autarca exemplar” – aquele que, depois da desgraça socialista de 16 anos, vê-se intimado pela possibilidade de um relatório do IGAP sair pouco antes das eleições de 2009. Empurrar Dores Meira – a “presidente em exercício com telhados de vidros” – é de facto “rejuvenescer” o team, mas não pelas razões apontadas por Jerónimo (aliás nenhumas). Não fosse a população de Setúbal levada pelos lindos olhos da senhora (mais o conjunto exterior que aparenta uma Zézinha do CDS) e a estratégia não daria de certo resultado. E quando a bomba estoirar na comunicação social, quando vierem a lume a desgraça financeira e a roubalheira que o “partido do povo” levou a cabo na câmara, quem paga as favas é o pobre coitado do Carlos de Sousa (aquele em quem, afinal, ninguém votou) que, por essa altura, já deve ter terminado a frequência universitária em engenharia informática. Porque de outras engenharias ficou ele doutorado.
A catalogação da direita pela esquerda gerou um processo mental favorável às ideologias sinistras. É um dado adquirido
O que o PCP e o disco riscado que mantém a tocar mais temem é uma “desmistificação” da direita. Todos os outros estão susceptíveis de se enquadrarem nos rótulos do costume, mas os liberais só encaixam num. E o problema é que, passados mais de trinta anos, já não conseguem convencer com tanta facilidade de que o combate se faz aos ricos. Há uma nova escola de pensamento emergente e convincente de que o processo é precisamente o inverso. Combater a pobreza requer o investimento dos que mais têm – o mesmo é dizer do “grande capital” – para gerar emprego.
Fora a lógica mais comum e mais prática das ideologias, o liberalismo consolida-se também num forte apoio filosófico. Precisamente aquela área em que a esquerda capitulou nas provas indesmentíveis da História, sobrevivendo hoje de uma suposta luta laboral constante do reduto comunista.
O estado social está a ser posto em causa. É certo que as regalias de alguns incapacitam as mentes, mas os factos comprovam a decadência do sistema. Será talvez uma questão de tempo, a médio/longo prazo, para a reviravolta definitiva. Uma insurreição contra as “portas que Abril abriu” que mais não fizeram do que cerrar alguma esperança da Pátria.
Mas há um revés perigoso na especulação deste movimento. Uma contrapartida óbvia e preocupante. Um mal necessário, dirão. Quer por uns, quer por outros, a “direita dura” será sempre catalogada.
Quando leio os textos da Carla Hilário Quevedo na Atlântico, acabo sempre por lembrar pormenores da blogosfera, aqueles que julgamos mais ninguém pensar.
Uma das coisas que mais me suscita curiosidade é saber a voz de quem escreve. Mania, talvez. Mas confesso que não sou capaz de ler algo sem imaginar a voz do autor a declamar linha a linha, palavra a palavra. Quando não a conheço, a coisa torna-se mais seca, tenho de ser eu a emprestar o meu tom. O texto perde muito do seu potencial se não o imaginarmos lido por quem o escreveu.
Em suma, tenho uma necessidade não muito invulgar de saber quem se “esconde” nas páginas e nos monitores. Não raras vezes tomamos consciência de que nos fidelizamos a uma determinada “casa” da rede porque conhecemos, pessoalmente ou não, quem a mantém. Deste hábito poderá surgir o argumento dos bloggers anónimos. Ou seja, desejarem ser lidos pelo que escrevem e não por quem são. Esquecem-se contudo que o que se diz ganha ou não muito do seu peso dependendo do narrador e do contexto que com ele transporta.
Ne irascaris Domine, ne ultra memineris iniquitatis
ecce civitas Sancti facta est deserta
Sion deserta facta est
Jerusalem desolata est
domus sanctificationis tuae et gloriae tuae
ubi laudaverunt te patres nostri
Rorate caeli desuper, et nubes pluant justum
Peccavimus, et facti sumus tamquam immundus nos
et cecidimus quasi folium universi
et iniquitates nostrae quasi ventus abstulerunt nos
abscondisti faciem tuam a nobis
et allisisti nos in manu iniquitatis nostrae
Rorate caeli desuper, et nubes pluant justum
Vide Domine afflictionem populi tui
et mitte quem missurus es
emitte Agnum dominatorem terrae
de petra deserti ad montem filiae Sion
ut auferat ipse jugum captivitatis nostrae
Rorate caeli desuper, et nubes pluant justum
Consolamini, consolamini, popule meus
cito veniet salus tua
quare moerore consumeris
quia innovavit te dolor?
Salvabo te, noli timere
ego enim sum Dominus Deus tuus
Sanctus Israel, redemptor tuus
Lê-se no Aspirina B
Já andam por aí alguns blogues a favor do "não" no referendo sobre o aborto. Um dos quais até inclui alguns conhecidos nossos. Outro, onde pontifica um tal "Camisa Negra", lança estrídulos apelos a manifestações, com slogans de indiscutível inspiração maoísta: "Contra as manobras dos Pró-Abortistas e seus Lacaios."
Isto vai andar animado...
O bom combate já começou. No PELA VIDA contam-se 20 bravos combatentes, unidos numa convicção comum, com uma certeza inabalável: a dignidade da vida é inviolável.
Somos: JSarto; BOS; Manuel; camisanegra; O Corcunda; Cão Danado; Rodrigo Nunes; Vítor Ramalho; Paulo Cunha Porto; pedro guedes; Irredutível; Cruz; M; O Restaurador; Mendo Ramires; Thoth; Mário CNM; Miguel Vaz; Inês M e eu próprio.
No blog do não lutam: André Azevedo Alves; Claudio Tellez; Francisco Mendes da Silva; Joana Lopes Moreira; João Gonçalves; João Távora; João Noronha; Jorge Ferreira; Luís Aguiar Santos; Manuel Arriaga; Marta Rebelo; Miguel Castelo Branco; Nuno Pombo; Rui Castro; Sara Castro
Que vença a VIDA!
IV Encontro do Fórum Monarquia-Portugal
Exmo. Sr. Presidente da Real Associação de Setúbal
Exmo. Sr. Vice-Administrador do Fórum Monarquia-Portugal, em representação do Engenheiro Luís Guerreiro, Presidente da Assembleia dos Membros que está fora do país,
Caríssimos membros do Fórum Monarquia-Portugal
Hoje, na cidade de Setúbal realiza-se o IV Encontro do Fórum Monarquia-Portugal. Pela primeira vez, saímos de Lisboa e começamos a visitar outras cidades do nosso país, o que muito me agrada, sobretudo, porque pessoalmente tenho uma ligação afectiva muito forte a esta cidade.
Também pela primeira vez constato que não somos só 3 ou 4 nestes Encontros mas já somos um bom numero o que também é de realçar. Finalmente as pessoas parecem ter entendido que se queremos muito algo, temos que lutar por isso.
Fazendo uma retrospectiva do último ano que passou, devo dizer que estou muito satisfeito com o desenvolvimento do Fórum, que no passado 19 de Agosto celebrou o seu 2.º aniversário.
O Fórum Monarquia-Portugal consolida-se com um trabalho árduo de uma Administração competente e séria e também graças aos Moderadores que têm tentado cumprir da melhor forma possível a sua missão, para a qual foram democraticamente eleitos no passado dia 18 de Agosto, tendo tomado posse no dia seguinte.
(…)
Caros amigos,
O que é ser-se Monárquico?
Para mim, e não querendo aqui dar lições a ninguém, ser Monárquico é saber defender:
1.º a Casa Real Portuguesa;
2.º a História de Portugal;
3.º a Monarquia como forma de regime que une e nunca divide um povo;
4.º as liberdades individuais, aspirando a uma melhor Democracia.
Isto é bastante elucidativo para vos dizer o quanto me magoa ver que ninguém se tem minimamente preocupado em proteger a Casa Real Portuguesa, preferindo pensar noutras coisas, certamente menos monárquicas do que esta questão.
(…)
Por outro lado, quero aqui anunciar que no próximo dia 22 de Novembro vai ser lançado o livro “Dom Duarte e a Democracia” – uma Biografia Portuguesa, da autoria do Professor Doutor Mendo Castro Henriques, Investigador e Professor do Instituto de Defesa Nacional, Monárquico, julgo que desde sempre, e posso até dizer, amigo meu pessoal. O livro “Dom Duarte e a Democracia” fala do pensamento político de SAR em vários domínios e estou certo que terá uma grande aceitação das pessoas. Pela primeira vez, as pessoas vão ver o nome de um Rei associado à Democracia, o que certamente irá provocar algum impacto e que espero sinceramente seja também uma boa ajuda para mostrar aos Portugueses que Monarquia e Democracia juntas valem muito mais, e a prova está nos países europeus onde há Monarquia, como a Espanha, Noruega, Suécia, Dinamarca, etc…
Caros amigos,
Finalmente gostaria de deixar aqui um ultimo apelo:
Por experiência de vida própria eu sei que para atingir um fim tive sempre que lutar imenso. Não foi fácil chegar aqui, mas cheguei. O Movimento Monárquico não pode ser um clube de Bridge, mas tem que ser um clube de Sueca. O que quero dizer com isto? Quero dizer que não construamos um palácio quando só podemos ter uma casa pequena. Não nos façamos grandes quando somos iguais a todos os outros 10 milhões de Portugueses. O Povo Português não quer saber se fulano A, B ou C é Marquês, Conde, Visconde, etc…O que o Povo Português quer verdadeiramente saber é para o que é que vai servir ter um Rei. Cabe aos Dirigentes Monárquicos assim como aos próprios Militantes trabalharem para atingir um fim último, que é a Transição para a Monarquia. Não será restauração, porque não vamos voltar ao passado, será sim, Transição, porque a Monarquia é um projecto de futuro para o nosso país. Neste sentido é importante haver uma Convergência Monárquica, isto é, uma união de todas as pessoas, não importa se apoiam um partido de esquerda ou de direita. O que verdadeiramente importa é trabalharmos todos em conjunto em prol do futuro de Portugal.
Portugal merece muito mais do que se tem feito em prol do seu futuro. Sejamos fortes, ousados, disciplinados, organizados e sejamos, já agora também, práticos. Há uma Crise de Militância no Movimento Monárquico, por culpa do próprio movimento que não tem sabido galvanizar as Juventudes nem os restantes militantes. Daí o último Congresso da Causa Real ter estado com muita pouca assistência. Por outro lado, também é importante realçar que na Internet ter uma imagem de uma Organização é fundamental. Não se podem aceitar ter sites de Internet, vergonhosamente desactualizados. Os webmasters façam um favor à causa e sejam mais profissionais, a Monarquia e Portugal agradecem.
Sem trabalho, sem dedicação, sem espírito de sacrifício, não iremos a lado nenhum.
Neste discurso que agora concluo, chamei a atenção para o facto de ser fundamental os Monárquicos protegerem a Família Real;
Foquei a necessidade de mais Militância assim como foquei também as mudanças que temos estado a introduzir no nosso Fórum.
Quero agradecer a todos pela vossa disponibilidade, em nome da Administração do Fórum Monarquia-Portugal, por estarem hoje aqui presentes.
Temos um debate ainda para tratar, cujo tema é “Linhas de acção para o Movimento Monárquico".
Muito obrigado a todos.
VIVA O REI!!! VIVA A MONARQUIA!!! VIVA PORTUGAL!!!
David Garcia
Ingredientes para a Restauração:
- Nação por princípio
- Monarquia por conclusão
- Tradição
- Catolicismo
- Município
Acabadinho de chegar à caixa postal.
Um comunicado de D. José Policarpo que se resume facilmente: O aborto não é uma questão política nem religiosa. É coisa de uma ética fundamental abstracta da qual comunga a Fé da Igreja.
D. JOSÉ DA CRUZ POLICARPO, CARDEAL-PATRIARCA DE LISBOA, ESCLARECE
POSIÇÃO QUANTO AO ABORTO
As minhas respostas à comunicação social, que me interpelou sobre a hipótese de um novo referendo sobre o aborto, foram incorrectamente utilizadas por alguns meios de comunicação e mesmo por forças políticas e parecem ter gerado confusão e mesmo indignação em algumas pessoas.
Parece-me, pois, necessário retomar as afirmações aí feitas, com uma clareza que não permita interpretações ambíguas ou desviadas.
1. Comecei por afirmar, o que parece que ninguém ouviu, que a doutrina da Igreja sobre esta matéria, não mudou e nunca mudará. De facto, desde o seu início, a Igreja condenou o aborto, porque considera que desde o primeiro momento da concepção, existe um ser humano, com toda a sua dignidade, com direito a existir e a ser protegido.
2. Afirmei, de facto, que a "condenação do aborto não é uma questão religiosa, mas de ética fundamental". Trata-se, de facto, de um valor universal, o direito à vida, exigência da moral natural. Com esta afirmação não foi minha intenção negar a sua dimensão religiosa. A mensagem bíblica assumiu, como preceito da moral religiosa este valor universal, dando-lhe a densidade do cumprimento da vontade de Deus. Não é só por se ser católico que se é contra o aborto; basta respeitar a vida e este é, em si mesmo, um valor ético universal.
É claro que o respeito pela vida é uma exigência da moral cristã, porque está incluído no quinto mandamento da Lei de Deus: "Não matarás". Porque é um preceito da moral cristã, violá-lo é um pecado grave. Mas o Decálogo, estabelecido, pela primeira vez no Antigo
Testamento, por Moisés, consagrou como Lei do Povo de Deus, alguns dos valores humanos universais, que interpelam a consciência mesmo de quem não é religioso. E de facto, na presente circunstância, há muitos homens e mulheres que, não sendo crentes, são contra o aborto porque defendem a dignidade da vida, desde o seu início.
Se a condenação do aborto fosse só exigência da moral religiosa, os defensores do aborto poderiam argumentar, e já o fazem, que as Leis de um Estado laico não devem proteger os preceitos religiosos; basta-lhes respeitar a liberdade de consciência. De facto não lembraria a ninguém exigir de uma Lei do Estado que afirmasse, por exemplo, que os católicos têm obrigação de ir à missa ao Domingo. Se nós lutamos por uma Lei do Estado que defenda a vida humana desde o seu início é porque se trata de um valor universal, de ética natural e não apenas de um preceito da moral religiosa.
3. À pergunta se a Igreja se iria empenhar nesta campanha, comecei por clarificar o sentido em que usavam a palavra "Igreja", se referida a todos os fiéis, se apenas aos Bispos. Isto porque, muito frequentemente, os jornalistas quando falam da Igreja se referem só aos Bispos e Sacerdotes.
Esclarecida esta questão, aproveitei para exprimir aquilo que penso ser o papel complementar dos leigos e da Hierarquia numa possível campanha a preparar o referendo. Devo dizer, agora, para clarificar o meu pensamento, que essa possível campanha deveria ser, sobretudo, um período de esclarecimento das consciências. Mas porque a proposta de leis liberalizantes da prática do aborto se tornou numa causa partidária, a campanha pode cair, na linguagem e nos métodos, numa vulgar campanha política.
Fique claro que todos os membros da Igreja e todos os que defendem a vida são chamados a participar nesse debate esclarecedor das consciências.
Compete aos leigos organizar e dinamizar uma campanha, no concreto da sua metodologia. O papel dos pastores é apoiar, e iluminar as consciências com a proclamação da doutrina da Igreja, anunciando o
Evangelho da Vida. Aos Sacerdotes da nossa Diocese eu peço que se empenhem nesta proclamação da doutrina da Igreja sobre a vida, mas que saibam sabiamente marcar a diferença entre o seu ministério de anunciadores da verdade, e as acções de campanha, necessárias e legítimas no seu lugar próprio. Mas os leigos poderão contar com todo o nosso apoio nesta luta por uma Lei que respeite a vida.
4. Não fiz a apologia do abstencionismo. Aconselhar a abstenção não será, concerteza, a orientação dos Bispos portugueses perante um possível referendo. A questão que me foi posta é outra: e os que têm dúvidas, como deverão votar?
Esta questão da dignidade da vida humana, desde o seu início, é hoje tão clara, mesmo do ponto de vista científico, que um dos objectivos a conseguir, durante o período de debate e esclarecimento é, pelo menos, lançar a dúvida em muitos que, talvez sem terem aprofundado a questão, estão inclinados a dizer "sim" à proposta de Lei referendada. Penso sobretudo no eleitorado mais jovem. Foi-me perguntado o que aconselharia a esses que duvidavam. A minha resposta é clara: se não têm coragem de votar "não", que pelo menos se abstenham.
5. Àqueles que interpretaram abusivamente as minhas respostas ou, porque não as entenderam, ficaram confusos, aqui fica, com clareza, o meu pensamento. Mais uma vez se aplica a frase de Jesus: "A verdade nos libertará".
Lisboa, 19 de Outubro de 2006
+ JOSÉ, Cardeal-Patriarca
A nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre o aborto acalma muitas almas inquietas nestes últimos tempos. O Policarpo assustou as hostes… e continua a assustar, enfim. Mas as palavras do arcebispo de Braga e este texto da CEP colocam algum bom senso na questão. A Igreja vota Não. É um Não revestido de um Sim à Vida e que, como bem referem os bispos, “não significa a concordância com a lei vigente”.
O juízo descamba contudo quando separa as águas da política das da ética:
5ª. O aborto não é uma questão política, mas de direitos fundamentais. O respeito pela vida é o principal fundamento da ética, e está profundamente impresso na nossa cultura. É função das leis promoverem a prática desse respeito pela vida. A lei sobre a qual os portugueses vão ser consultados em referendo, a ser aprovada, significa a degenerescência da própria lei. Seria mais um caso em que aquilo que é legal não é moral.
Concordo com a leitura d' O Corcunda, embora me custe fazer uma apreciação tão fechada do Opus Dei. Mesmo assim, estou em consonância quanto à denúncia da sociedade de cristãos versus sociedade cristã. Se a política não for precisamente o motor dessa sociedade da Ética, abrimos caminho para a relativização de tudo.
A visão da CEP é no entanto muito clara: a política é uma acção tecnocrata; as coisas da moral cabem à consciência individual.
O nacionalismo português lembra-me Álvaro de Campos: fumando até que o destino lho conceda; vislumbrando da janela o mundo que corre; lembrando o que foi, o que é e a saudade do que poderia ter sido; admitindo o sonho, mas resignado. Um niilismo de heterónimo que caracteriza a ausência do Sentido. Uma comiseração de não encontrar o Ânimo. Ele sabe-Os, conhece-Os, mas perdeu-Os.
Há que encontra-Los.
Estamos cheios deles. São “capitalistas selvagens”, no linguarejar de um bom amigo que “correr só atrás do dinheiro”, tecnocratas de tudo (a qualquer coisa aplicam um bom – ou mau – orçamento), vazios de espírito que enforme a actividade animal da lógica de mercado com lucro elevado, em último caso visionários do fim das possibilidades técnicas, esgotadas que ficarão… mas eles querem lá saber disso. Também se conta que o Sol há-de explodir daqui a 5000 anos e ninguém deita as mãos à cabeça. O futuro é lá longe, há que viver num carpe diem…
Bem sei que o dinheiro a entrar na bolsa sabe bem, pois sabe. Sabe bem a toda a gente. O que arrepia o paladar das coisas sociais e políticas desta pátria moribunda é constituir-se como um fim
Mas querem para quê? Dinheiro para quê? Para fazer o quê? Viver desafogado porquê? Para aplicar em quê? Fazer render em que sentido?
“Ahhh mas as pessoas querem dinheiro, pensam lá nisso”…
Mas deviam pensar. Faz falta que pensemos no sentido das coisas. No sentido de tudo.
Perdeu-se, toda a gente o sabe (corro o risco de incorrer em falácia), a noção do objectivo das acções e da mutabilidade temporal… do sentido do futuro. E caímos na Saudade do que nunca fomos! É essa a verdade!
Saudade de ter dado um sentido à técnica que não fosse ela própria a atribuir-se um falso destino que nela começa e acaba. E no fim, talvez haja choro e lamentação de ter tudo terminado sem que nada se construísse. Uma consciência tardia do progresso sem desenvolvimento? Quem sabe!
A certeza é a de que caíram os Valores mais altos e imutáveis, ainda que só nas mentes doentes dos que as fingem ignorar. Quem os levanta?
Percebo por onde passo, paro e penso, por vezes converso, que a literatura de outrora está mais que lida e relida, citada de cordis, apreendida no que se defende nos poucos redutos lusos. Sinto, no que me apercebo, da vontade e exigência de fazer o sentido que outros fizeram então. Da saudade, talvez, de reavivar outros tempos na adaptação dos métodos à actualidade. Criar uma ‘escola’, formar um grupo, programar qualquer coisa… caramba, mexer o cú acomodado da poltrona onde bebemos o que a resistência e a história nos deixaram, para sair à “rua” e fazer, enfim, algum sentido…
Portugal precisa urgentemente disto, como enfermo precisa da última unção para revigorar a alma. Faz-nos falta devolver o sentido à Nação!
O Sexo dos Anjos publica dois vídeos sem possibilidade de expressão escrita.
Os que, como eu, não viveram os tempos conturbados do pós 25 de Abril, aprendem mais nestas imagens do que em toda a literatura sobre o golpe. Ver para crer.
O Causa Nacional publica na íntegra uma versão PDF d’ O Integralismo Lusitano de Leão Ramos Ascensão. Uma leitura obrigatória agora acessível a todos.
(via A Torres de Ramíres)
Não, não se trata de revivalismo desta antiga casa. É “somente” uma adaptação de algumas palavras de Pio XII, extraídas da Sua mensagem natalícia de 1942, às necessidades do movimento nacionalista monárquico português.
«O dever da hora presente é de acção e não de lamentações; devemos reconstruir o futuro, para bem da sociedade, em vez de lamentar o mal presente ou passado. Chegou o momento de os melhores e mais selectos membros da Cristandade se reunirem em espírito de verdade, de justiça e de amor, ao grito de “Deus o quer”, com entusiasmo de cruzados, e, como os antigos cruzados, prontos a servir e a sacrificarem-se.»
Que importa se é tão longe, para mim,
A praia aonde tenho de chegar,
Se sobre mim levar constantemente
Poisada a clara Luz do Teu olhar?
(...)
LH, hino de completas – quinta-feira
Bom fim-de-semanaEscreve o caro Pedro Guedes no Último Reduto:
O caso da economia é aliás paradigmático da dificuldade dos jornalistas em saber traduzir a realidade. Mas isso implicará que não seja necessário o saber jornalístico da academia? Implicará igualmente reconhecer que a formação na especialidade das matérias tratadas suplanta o conhecimento profundo das técnicas, das suas razões e da noção social da função da comunicação social? Ou basta “saber escrever”?
O jornalismo não pode ser feito por um conjunto de especialistas. Há que saber comunicar, aprender a fazê-lo: aprender a escrever, mas jornalisticamente falando. Nas ciências, por exemplo, o problema atinge proporções alarmantes já que a comunidade científica raramente sabe comunicar a não ser entre pares e os jornalistas não têm formação em “comunicação de ciência” (infelizmente, as universidades e politécnicos ainda não se adaptaram)
Em meu entender, o cenário ideal é o do profissional da comunicação com especialização em tratamento de determinadas matérias. Quanto muito tenho como aceitável profissionais das áreas com alguma formação jornalística. Uma coisa dissociada da outra dá certamente mal resultado.
Por um lado existe uma necessidade imperiosa de dotar a classe de melhores profissionais. Bem sabemos que o jornalista se faz na tarimba, mas a prática profissional necessita, urgentemente, de uma base científica que em Portugal escasseia assustadoramente. É também certo que as Universidades portuguesas não formam bons profissionais. O facto depende da má gestão dos cursos, sem componentes práticas conciliadas com as teóricas numa complementaridade de formação, coisa a que só o ensino politécnico tem sabido responder satisfatoriamente. Mas não poderá ser a relativa má qualidade da academia portuguesa a perpetuar nas redacções a existência de jornalistas sem preparação cientifica. Pelo contrário, a limitação poderá servir de estímulo a uma melhor leccionação da profissão.
As contrapartidas encontram-se precisamente no estado a que chegou a classe. Rádios locais, imprensa de proximidade e sítios como, por exemplo, este, são mantidos por inventores, curiosos e não raras vezes assassinos da prática jornalística. Tira-los das suas cadeiras animadoras de tardes com discos pedidos e das secretárias onde exercem escrita deficiente, causará muito mau estar. Mas é necessário.
Não se trata de proteccionismo da classe, mas de uma passo significativo para a sua valorização científica. Deixar o sistema de equiparação é também um acto de consideração a quem estuda quatro ou cinco anos para tentar entender, minimamente, as fundações da comunicação
Pedro Guedes faz uma reflexão oportuna sobre a blogosfera nacional, aqui.
Transcrevo a resposta que deixei na caixa de comentários:
Caro Pedro Guedes
Quando me iniciei na leitura mais atenta da blogosfera, depressa me apercebi do seu potencial. É comum julgarmos os blogs como espaços informais de comunicação, onde se expõem opiniões mais ou menos interessantes. Raramente encaramos com seriedade a potencialidade da publicação on-line neste formato, remetendo quase sempre para a conclusão de se tratarem de espaços de exercício narcisista.
Penso que o sucesso da blogosfera prende-se, ou poderá prender-se, com: a facilidade de acessibilidade; a igualmente fácil edição e publicação sequencial e, posteriormente, em arquivo; a interactividade com outras “casas” pela “linkagem” e, quando activados, nos comentários (estes assumem especial importância quando são palco de contraditório e ‘obrigam’ o autor a contrapor na medida da sua possibilidade); a possibilidade de desenvolver uma reflexão profunda sobre determinadas matérias, espalhando a publicação das várias partes pelo tempo; a resposta, noutras casas, a essas reflexões, gerando discussão mais alargada; etc.
As hipóteses são tantas que se torna impossível enumerar todas.
Quando comecei a ‘postar’ estava ainda pouco consciente disto, mas rapidamente a tomei em toda a sua dimensão. Tenho tido alguma dificuldade em encontrar um “espaço” fixo, fazendo contudo votos para que este o seja.
Quanto à ideia propriamente dita da publicação colectiva, parece-me bastante interessante e algo a desenvolver. Julgo haver matéria humana para um bom projecto nesses moldes. Contudo, terá de ser pensado o bastante para não cair em saco roto, por motivos que me parecem óbvios.
Mesmo assim, e a não haver qualquer iniciativa do género nos próximos tempos, mantenhamos as nossas “casas” de pé, fazendo-as assentar em boa fundação. É imprescindível que especialmente algumas delas, as mais antigas e prestigiadas, não morram.
Da minha parte manterei o Estado do Tempo dentro das minhas possibilidades… e se um dia não as tiver, invento-as.
Muito se repete que os jornalistas não estimam, não querem e não usam - ou não sabem usar - a blogosfera. Uma das razões apontadas é a mecânica de comentários que possibilita a resposta do leitor. E o facto é que a imprensa não está habituada a isso...
“Um testemunho lúcido e corajoso sobre o direito a morrer”
Conceição Lino, sobre a entrevista apologética da eutanásia.
Saudade do que seríamos, não fossem os pulhas.
Esperança do que seremos, quando os vencermos.
A entrevista intitulada “Direito à Morte”, acabada de passar no telejornal da SIC, não é ingénua. Para quem não viu, foi entrevistada uma mulher com cancro que reclama o “direito” a poder decidir sobre o terminus da sua vida.
A falta de ingenuidade denota-se em dois factores: a proximidade com o início da discussão pública sobre o aborto e a própria forma como a entrevista foi conduzida. Conceição Lino estava claramente com aquela mulher. Mesmo o nome da peça indiciava a solidariedade, partindo da afirmação e da defesa da opinião da entrevistada em vez de colocar a questão em aberto. Mas não, era uma declaração: “Direito à Morte”.
Como esta, muitas campanhas surgirão nos próximos tempos. Trata-se da mais elementar parcialidade do jornalismo nacional ao serviço da esquerda. Das iniciativas pela Vida nada dá conta, a não ser esta notícia no Correio da Manhã - que certamente estragou o pequeno-almoço ao cardeal de Lisboa.
Que a blogosfera não se cale nem se abstenha de participar nesta luta desigual, é o nosso dever.
Quis o FSantos, num gesto de pura cordialidade, distribuir estas riquíssimas prendas na data que assinala os dois anos da sua presença na blogosfera.
Calhou-me em boa parte uma selecção de algumas passagens imprescindíveis da Posição de António Sardinha de Luís de Almeida Braga. Documento indispensável a qualquer monárquico, de leitura obrigatória, que aqui faço questão de deixar segundo a própria leitura do FSantos:
«A História ensina implacavelmente não haver autoridade fixa sem hereditariedade. Pela hereditariedade a Monarquia assegura a duração do governo, a previsão e a constância nos distantes projectos. Quando se fala nos perigos dos acasos do nascimento, escondem-se malevolamente as tristes e frequentíssimas surpresas da eleição, de que já colhemos tão amargos exemplos. A hereditariedade garante a continuidade e a lógica nos empreendimentos políticos: é a promessa clara da boa conservação do património nacional, com a particularizada e segura educação do futuro soberano.
«Mais do que a unidade do poder, é na forma hereditária da sua transmissão que reside a superior vantagem da Monarquia (...)
«Não há ciência sem experiência, nem Pátra sem tradição. Que se diria do sábio que desprezasse as obras e as experiências dos seus predecessores e limitasse o seu trabalho à própria experiência, ao simples facto presente, à prova momentânea?
Não tem sentido a terra fora da lembrança daqueles que a serviram e amaram. O passado alarga e ilumina o presente. Através de todas as transformações económicas e científicas, há paixões, instintos e sentimentos que se conservam fixos e necessários. Somos tributários do Passado, servos de instintos herdados. Tradição não é velharia, hábito irreflectido, que apenas consiste em repetir cegamente o que já teve razão de ser e a não tem mais. Isso é inércia, e a tradiçãoé o contrário dela. Não é também sinónimo de conservação, nem a explica o amor das ruínas extáticas, suspensas do beijo melancólico do luar. Para o verdadeiro tradicionalista, inteligente e activo, o Passado é fonte de exemplos e de lições. A tradição é para ele o que durou, o que provou secularmente. A vera tradição exige estudo e reflexão. É crítica. Reúne as forças da terra e do sangue, dos reveses do Passado tira ensinamentos, dos êxitos – modelos. Representa-a o que de positivo nos legaram nossos pais antigos. E esse conteúdo positivo, continuadamente acrescentado no rodar do tempo, torna a Tradição coisa viva, que não cessa de se enriquecer, de progredir. Produto de costumes seculares e de necessidades próprias, assente sobre a observação e sobre a história, a Tradição é força activa que se desenvolve incessantemente. Tradição é continuidade no desenvolvimento, permanência na renovação, como Sardinha gostava de repetir. Direi mesmo: Tradição, é selecção. (...)
«Os povos vivem da sua Tradição; e quando perdem, com a memória e o respeito dela, a sua continuidade histórica, entram no caminho onde emboscada os espera a Morte!»
Luís de Almeida Braga, «Posição de António Sardinha», Edições Gama (Cadernos Políticos), Lisboa, 1943
A possibilidade de virmos a ser palco e actores de matança pode abrir uma discussão bastante produtiva na blogosfera. Não que o assunto tenha muito de contraditório por parte dos criminosos, mas é bom para esclarecer de uma vez por todas a desgraça humana a que a modernidade nos levou.
O aborto, pomposamente chamado de “interrupção voluntária da gravidez”, constitui-se como uma das mais vis consequências da degeneração do pensamento. Resulta, em suma, da pura desonestidade intelectual e frieza dos que o defendem.
Um dos argumentos mais utilizados, se não o único para muitos, é o do condicionalismo social que leva à pratica abortiva: a falta de meios para o sustento da criança é apenas uma dessas condicionantes. O que muita gente não percebe, ou não quer perceber (como D. José...), é que o aborto acaba assim por ser, para além de um homicídio, um remedeio e não uma solução. Se os problemas não se resumem à criança em si, há que resolve-los sem violar o seu direito à Vida. Matar passa a ser um acto de recurso abominável por essas duas razões, como se uma não bastasse.
Mas pior que a desonestidade de pensamento é a arrogância de considerar um ser humano propriedade de outrem. “A barriga é minha”, ouve-se. Convém pois lembrar que a Vida do Ser que essas mulheres transportam não se define pela sua dependência da progenitora.
(continua)
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A propósito: Aborto, imagens e palavras por JSarto
É certo que há quem ainda queira os meninos a levar reguada. Faz parte de uma visão particular do ensino em Portugal da qual não me descarto nos objectivos que apregoa, mas afasto-me nos métodos que utiliza.
O problema é complicado e exige alguma discussão.
Bem sei que hoje não há disciplina na Escola, mas isso não implica que disciplinemos à força do castigo. A régua na mão, a ponteirada na cabeça e as orelhas de burro não ensinam o respeito, antes geram a obediência pelo medo da consequência. Enquanto não se educar o ser humano a cumprir a regra pela regra, e não pela pena que o seu incumprimento acarreta, nunca entenderá nem assimilará o valor que esta contém. Se, por exemplo, pedirmos ao aluno para que se mantenha calado, deveremos dar-lhe como razão o castigo que se seguirá ou o próprio valor do cumprimento do respeito para com o professor que está a leccionar e não deve ser interrompido, antes ouvido? Se optarmos pelo castigo, não partiremos do pressuposto de que, não havendo quem o aplique, o acto se torna legítimo?
Podem dizer-me: mas se a criança não acatar a regra sistematicamente, não será aceitável castiga-la.
Claro que sim. Mas não lhes parece também que a reguada não resolve o caso, remediando-o?
Bem me lembro da minha professora primária de pau na mão. Nunca o usou comigo, mas muitos houve que passaram quatro anos a levar. Hoje, recordo-a com respeito… eles não. Lembram-na como alguém que nunca soube ensina-los a respeita-la, utilizando a extensão da sua mão como recurso.
A temática da Educação Nacional, aqui e aqui exposta, entra em contradição quando inventamos dois lados da barricada, duas trincheiras completamente opostas no terreno, como se de uma guerra se tratasse.
É certo que o assunto é dos mais relevantes, se não o mais importante, para o futuro de Portugal a médio/longo prazo. Mas como tudo o que não é imediato acaba por ser renegado pela força dos tempos que correm, inventa-se o combate entre governo e escolas, Ministério e professores, para adoçar a luta social nas ruas, os tempos de antena na comunicação social e manter a própria instabilidade do sistema educativo.
O caso tem de ser visto mais a fundo, bem no âmago. O problema não é a política da ministra, muito menos a qualidade do corpo docente. Há bons e maus dos dois lados. O empecilho encontra-se na concepção de Educação a que chegámos. É certo que muitos professores estão mais preocupados com as regalias da corporação de que em tempos desfrutaram. Também é verdade que o Ministério encontrou nos professores um bode expiatório injusto, pagando o todo pela parte. Mas acontece que esta troca de forças não resolve nada, muito pelo contrário, e acabamos julgando que a discussão é esta mesma, quando não é. Ou será o sistema educativo campo de reivindicação laboral pura, dura e sindical?
O que deve ser posto em cima da mesa é o projecto global da educação para definir a sua própria definição. E para que isso aconteça é imprescindível que, quer professores quer governantes, abdiquem de certos proteccionismos e reflictam, em conjunto, num projecto a longo prazo, que encare o passado como o adubo, o presente como a semente e o futuro como o fruto. Sem guerras nem manifestações, sem oposições de qualquer ordem que não sejam as discutidas produtivamente. Há que rever os programas, os currículos, os métodos e as práticas pedagógicas. Há que concerta-los, de forma eficaz, com as especificidades locais, obedecendo sempre às linhas mestras condutoras do processo de aprendizagem. Há que fazer respeitar os docentes pelos alunos, pelos pais, enfim, pelo país. Mas há também que exigir destes que se façam respeitar e das escolas superiores de educação que os ensinem a ensinar. Certamente não tanto quanto a professora do Miguel Castelo-Branco, já que uma “régua na mão” não impõe mais do que o medo de levar com ela em cima.
Portugal depende disto.
Devido à mudança que fiz para o BetaBlogger, acabei por perder algumas definições gerais, o que modificou o aspecto desta casa. Tive alguma dificuldade em adaptar-me à nova forma do Blogger, pelo que fiz algumas asneiras no template. Acabou por ficar com esta nova cara. E que se lixe, fica assim mesmo.
Ao ler o artigo de Bruno Cardoso Reis na Atlântico deste mês (pág. 70), relembro a velha lição que em tempos ouvi: “Os homens não são iguais a não ser na condição de criaturas e, quando baptizados, filhos de Deus”.
Sempre me pareceu óbvia a clareza da afirmação, embora sentisse nela a revelação da diferença entre convertidos e pagãos. Mesmo assim, a verdade que encerra é a de que somente Deus pode unificar o que está disperso. O pecado da esquerda consiste precisamente em ignora-Lo.